Pata de elefante

cabeca articulista neide-gazeta-do-bairro

Cianorte 1974,
Faz tempo né, mas me parece que foi ontem, Marina com apenas 18 aninhos, mas com a cabeça de uma adolescente arrumou seu primeiro emprego. Era uma “dentária”, lugar onde vendiam produtos para protéticos, dentistas, enfim… Além de vender os dentes para as próteses vendiam gesso em pó e outros. Naquela época não havia WhatsApp e a menina Marina era muito agitada para um serviço tão monótono como aquele, onde o tempo não passava.
Um belo dia, ou melhor dizendo, um triste dia, eis que chega a secretária de uma clínica de ortopedia para comprar gesso e faixa e a menina investigou a secretária que lhe fez um relatório completo; a curiosa queria saber como fazia para engessar o pé.
Mal pode esperar que ela saísse para começar a sua peraltice. Encharcou aquela faixa com água, colocou o gesso e foi enrolando em seu pé. Acabava uma faixa ia para outra e outra e mais outra, cada vez mais feliz com seu pé praticamente engessado. Chegou cliente olhou firme para a menina Marina e disse: machucou o pé… aquele chão branco de gesso, seus longos cabelos negros completamente brancos com o pó, as mãos brancas também e ainda como se nada tivesse acontecido, a menina responde: Machuquei sim, não demorou muito aquilo endureceu em seu pé. Mas ficou tão feio, tão feio que parecia mais com uma pata de elefante que um pé humano. Ficou grosso e redondo “pata de elefante”, ela queria morrer de desgosto, pois não conseguia tirar e como se deslocar dali com aquele “trambolho”. A menina ligou para tal secretária e contou a ela o que havia feito e pediu que viesse para socorrê-la. Mas a secretária só podia no horário do almoço, porém ainda faltavam alguns minutinhos.
Pediu que ela trouxesse um lanche pois não podia andar e já estava com fome. Seus dedos estavam sendo esmagados por aquele maldito gesso.
De repente eis que a porta é aberta bruscamente e entra a tão aguardada secretária; pensei… enfim chegou minha salvação. Mas a alegria durou pouco, depois de rir muito e dizer para jovem Marina que havia necessidade de uma serrinha.
Como naquela época não havia telefone em sua casa, ela pegou o número de uma farmácia vizinha e ligou para chamar a sua mãe e pedindo que trouxesse uma serrinha em seu serviço, mas a mãe queria saber o porquê da serrinha. Era óbvio que a menina não podia contar a mãe o que havia acontecido e a mãe insistindo do outro lado da linha.
Como a mãe era rapidinha e sempre pronta para ajudar chegou lá com um “baita” serrote todo enferrujado, enrolado em jornais.
O que aconteceu dizia a mãe? E ela aparentando calma disse: pegue a Serrinha e venha para dentro do balcão para conversarmos.
Pronto o que tem aqui para serrar insistiu ela, cara a cara com a filha toda assustadinha e com os olhos arregalados. Olhou para sua mãe e disse: bom na verdade a senhora precisa serrar meu pé. A mãe agora mais assustada, foi em direção a filha e imediatamente pousou os olhos em seus pés vendo a obra de arte, ou melhor o estrago que a filha havia feito com gesso em seu pé. Ela quase surtou.
Falou bastante deu aquele sermão mas fazendo o serviço em seu pé.
Depois de muito tremer e com muito cuidado a mãe, muito séria, disse: como você conseguiu fazer ficar tão parecido com a pata de um elefante e quando finalmente terminou ela resmungou “Pata de Elefante”. Foi só gargalhadas.

 

claudia pimenta-gazeta-do-bairro

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