Chape para sempre: quando o futebol supera barreiras e dá uma lição de amor

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Bruna Martins Oliveira

Dia 7 de dezembro de 2016. Uma quarta-feira que entrou para a história do futebol brasileiro e do que seria a segunda-partida final da Copa Sul-Americana entre a Chapecoense e o Atlético Nacional da Colômbia. Uma data em que todos os torcedores vestiram uma só camisa: a da solidariedade.
Com pinturas nos rostos, bandeiras com a logo do time catarinense, faixas na cabeça, cartazes e outros adereços, cerca de 30 mil pessoas entre paranistas, atleticanos, coxas-branca e palmeirenses lotaram o Estádio Major Antônio Couto Pereira.
Silêncio, empatia, lágrimas e gritos uníssonos de “Somos Todos Chape” e “É campeão” marcaram a homenagem do Coritiba à Chape. A ideia de homenagear a delegação da chapecoense surgiu após o trágico acidente aéreo que ocorreu no último dia 28 de novembro, na Colômbia e deixou 71 vítimas fatais, entre os jogadores, técnicos como Caio Júnior, o piloto e os jornalistas.
A fatalidade coincidiu com as vésperas de um dos dias mais importantes para o verdão que estava passando por uma de suas melhores fases no futebol, sendo a terceira delegação do Brasil a estar numa final do campeonato sul-americano. A comoção parou o país do futebol e mobilizou não só os apaixonados pelo esporte como todos.
E quem esteve no Couto pode presenciar de perto toda este sentimento. É o caso de Eduardo Cordeiro Galdino que esteve no estádio acompanhado da esposa e dos dois filhos.
“Estamos vendo a união das famílias e dos times que deixaram de lado a rivalidade. É um momento triste mas também de reflexão para o esporte brasileiro e tudo isto é muito bonito”.
Osnei dos Santos também compareceu à homenagem acompanhado do filho Alessandro de 9 anos. Os dois não conseguiram entrar dentro do estádio mas mesmo assim decidiram ficar até o final do evento em apoio à causa.
“Cheguei 20h15 da noite, não consegui entrar, mas mesmo assim estamos aqui. É uma coisa muito bonita e mesmo não torcendo para o Coritiba é impossível não se emocionar”.
Vestida pela primeira vez com uma camiseta verde, a atleticana Andréia Bonfim se surpreendeu.
“Foi de arrepiar, dos pés à cabeça. Nunca imaginei isso e espero que união de todas as torcidas seja um legado e não seja só um momento de agora”.
Independente de qualquer coisa, o dia 7 de dezembro mostrou que uma vitória também pode ser decidida fora dos campos. A Chapecoense foi declarada campeã pela Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) como campeã da Copa Sul-Americana que atendeu o pedido do Atlético Nacional. Mais do que um título importante, uma prova de que o futebol também respira amor.

O acidente
No dia 29 de novembro, o avião da empresa LaMia decolou da cidade de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia com destino à Medellín, na Colômbia. De acordo com jornais colombianos, a aeronave perdeu o contato com a torre de controle às 22h15 (1h15 na hora de Brasília), entre as cidades de La Ceja e Abejorral, e caiu ao se aproximar do Aeroporto José Maria Córdova, em Rionegro, perto de Medellín. Setenta e uma pessoas morreram e 5 sobrevieram.
As investigações apontam que a falta de combustível foi um dos motivos do acidente. Além disto, autoridades da Bolívia, Colômbia e Brasil investigam a companhia LaMia que não tinha licença para trabalhar no país. Somente neste ano, a empresa transportou seis clubes brasileiros fora a Chapecoense, sendo estes: Sport Recife, Cuiabá, Figueirense, Vitória, Coritiba e Flamengo.

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Outras homenagens
Paralelamente a iniciativa realizada no Couto, outros estádios também organizaram o ‘último adeus’ à Chape. São exemplos: a Arena do Grêmio no Rio Grande do Sul, o estádio Kleber Mendonça, no Espírito Santo; o Maracanã, no Rio de Janeiro, o Pacaembu, em São Paulo, entre outros.

Agradecimento
Em resposta à homenagem no Couto, a Associação Chapecoense de Futebol agradeceu o carinho por meio de uma publicação no Instagram.
“Obrigado, Coritiba, pela iniciativa de homenagear o time que uniu todas as bandeiras e cores em uma só torcida. Obrigado, Curitiba-PR e região, por ter lotado o Couto Pereira, nos fazendo sentir carinho e emoção”.

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