Entenda a estratégia de dados da Disney sem truques

Sem mágicas: descubra como funciona a estratégia de dados da Disney

A estratégia de coleta de dados da Disney é um case de sucesso quando o assunto é encantamento. Há dez anos, a companhia não tinha muitas informações sobre seus clientes, que acessavam aos parques e resorts usando tickets de papel, mas agora a marca investiu um bilhão de dólares em sua transformação digital, acompanhando a evolução das mídias sociais e dos smartphones. A Walt Disney Attractions se consolidou como a maior cadeia de parque de diversões do mundo em termos de público, recebendo cerca de 157,31 milhões de visitantes só no ano passado. Isso reflete o sucesso da tecnologia de monitoramento de dados da Disney, que coleta informações sobre seus visitantes por meio de aplicativos para smartphones e da MagicBand, uma pulseira digital que funciona como cartão de crédito, chave do quarto e ingresso para as atrações.

A MagicBand é uma relação ganha-ganha entre a empresa e seus clientes, já que, enquanto as pessoas desfrutam de todos os benefícios do wearable, elas autorizam a coleta de dados da Disney durante toda a experiência. Assim, a companhia tem acesso a informações que vão desde os passeios mais frequentes das famílias e os personagens que mais atraem as crianças, até a forma como os visitantes estão gastando seu dinheiro lá dentro. Essa via de mão dupla ajudou a Disney a otimizar toda a sua logística, reduzindo em 30% o tempo gasto na entrada de suas atrações e evitando superlotações e reduzindo os tempos de espera.

Além disso, a estratégia de coleta de dados da Disney ainda ajuda o negócio a ter uma visão de valor do seu capital criativo. Isso porque o engajamento dos clientes com as atrações físicas nos parques pode sinalizar a quantas anda a popularidade de suas franquias. Essas informações podem orientar, por exemplo, se a Disney é capaz de sustentar uma sequência para os Vingadores ou quando uma atualização do serviço de streaming Disney+ será necessária.

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Enquanto Facebook, Google e outros importantes nomes da tecnologia têm sua reputação abalada pelo vazamento de dados e a crise de privacidade, os parques da Disney crescem a todo vapor com a estratégia acertada da companhia. Só em 2018, o lucro de suas operações aumentou 100% em apenas cinco anos, chegando a 4,5 bilhões de dólares. E talvez isso explique o motivo pelo qual a marca pretende investir US$ 24 bilhões em seus parques temáticos até 2023.

A coleta de dados da Disney vem conquistando tanta aceitação do público porque, na contramão das gigantes do Vale do Silício, os parques e resorts transmitem a credibilidade de um ambiente familiar e sem o risco de crianças expostas a conteúdos inapropriados. Porém, é inevitável que inseguranças e questionamentos surjam, especialmente no tratamento de dados de menores de idade, que envolve um grande público infantil e adolescente. A coleta das informações de crianças precisa ser consentida por, pelo menos, um de seus pais ou responsáveis legais, a menos que os dados sejam usados para contatar esses tutores ou proteger o menor de idade em alguma situação crítica.

No fundo, é tudo sobre transparência. Os dados dependem do capital humano para serem efetivos e podem facilmente ser manipulados, principalmente se levarmos em conta que grande parte dos negócios ainda reluta em explicitar como está lidando com as informações de sua audiência. Enquanto a Disney ganha destaque nesse cenário, a necessidade de pensar sobre transparência aumenta. Com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, os consumidores passam a ter mais poder do que nunca sobre suas informações — e isso significa a possibilidade de punir os responsáveis por qualquer dano ou constrangimento causados pelo mau uso delas.

A estratégia de coleta de dados da Disney é um exemplo de como a tecnologia pode ser usada para melhorar a experiência do usuário e aumentar o sucesso de um negócio, mas é preciso transparência e cuidado no tratamento de dados, especialmente quando se trata de crianças. A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais é uma ferramenta importante para proteger os consumidores, e as empresas precisam estar atentas a ela para garantir que seus clientes confiem em seus serviços e produtos.

Fonte: Gazeta do Bairro

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