Ensino superior à distância

O mercado da educação privada cresce mais a cada ano que passa no Brasil. Dados do Censo da Educação Superior, de 2021, revelam que quatro em cada dez estudantes universitários (o dobro de 2016) não frequentam a sala de aula tradicional.
Além de uma geração de profissionais sem contato direto com seus professores podemos também constatar que teremos aí uma geração de professores que entrando para o seu trabalho sem ter contato com a sala de aula durante sua formação superior: 61% dos estudantes de cursos de licenciatura fazem a graduação a distância.
Também o financiamento universitário está numa queda histórica nas faculdades privadas, onde as matrículas com algum tipo de financiamento é a menor desde 2013. E isto diante da grande expansão do mercado de universidades privadas, onde temos 26 matrículas no ensino superior particular, contra uma na rede pública.
Apenas um quinto dos jovens de 18 a 24 anos estão cursando faculdade. Segundo o IBGE, a maioria dos jovens dessa idade (42%) concluiu o ensino médio, mas não seguiu os estudos.
E quase 20% dos jovens nesta faixa etária não frequentam a universidade nem mesmo concluíram o ensino médio (19%).
Estamos com uma geração de professores sem intimidade com a sala de aula, nem com a vida acadêmica (61%).
E a qualidade da formação dos docentes é outro problema. As privadas tem apenas metade do percentual de professores com doutorado que as universidades públicas Nas universidades federais, estaduais e municipais, 7 em cada 10 professores têm doutorado; na rede privada 3 em cada 10 docentes.
Outro problema foi a pandemia que afastou milhares de universitários do estudo formal. De uma média inferior a 200 mil, entre 2019 e 2020, somou um total de 345 mil matrículas trancadas.
São números que espelham bem a dura realidade da educação do Brasil. Ensino superior sob o comando de grandes grupos “educacionais” e o ensino de base relegado a segundo plano é desalentador. O pouco que se faz em alguns municípios com as pré escolas e os primeiros anos de nossas crianças também acabam praticamente se diluindo em meio ao ensino médio degradante ofertado pela grande maioria dos estados brasileiros.

Texto base: Revista Piaui – Eduardo Chaves, Luigi Mazza e Renata Buono | 14 nov 2022

Jornalista Humberto Schvabe

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