Ensino de economia colaborativa em faculdades estrangeiras.

Faculdades estrangeiras começam a preparar os alunos para a economia colaborativa

A educação brasileira tem sido uma das áreas mais afetadas pela falta de investimento, mas mesmo assim, ainda consegue ampliar os horizontes de muitas pessoas. De acordo com o levantamento Education at Glance, da Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), em 2019, 21% dos jovens brasileiros com idade entre 25 e 34 anos haviam concluído o Ensino Superior, um aumento em relação aos 18% de 2008. No entanto, a economia colaborativa, impulsionada pelos avanços tecnológicos, traz novos desafios para a educação.

As relações de trabalho estão se transformando com modelos de negócio como Uber e Airbnb, em que as pessoas não precisam de um escritório para exercer suas funções. Nesse cenário, é preciso avaliar se as instituições de ensino estão preparando adequadamente os alunos para as novas dinâmicas de trabalho e renda trazidas pela economia compartilhada. Embora as perspectivas para a educação no Brasil sejam interessantes, as universidades estrangeiras já começaram a se movimentar para se adaptar a esse novo modelo de trabalho.

A economia colaborativa, também conhecida como “economia gig”, se baseia em um mercado de trabalho que compreende trabalhadores temporários, sem vínculo empregatício, e empresas que os contratam para serviços pontuais. Em contraponto à CLT, os contratos passam a ser independentes e com cláusulas específicas. Embora o termo “gig” tenha sido usado por Jack Kerouac em 1952, só passou a ser usado massivamente após o surgimento de plataformas digitais sob demanda, como o Uber em 2009.

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Um estudo da McKinsey & Company mostrou que mais de 162 milhões de pessoas nos Estados Unidos e Europa se envolvem com algum tipo de trabalho independente, o que representa de 20% a 30% da população em idade produtiva. No entanto, muitas universidades ainda se prendem a uma visão de carreira bastante vinculada à economia tradicional, o que dificulta a adaptação de grades de cursos que levaram décadas para serem criadas.

Algumas universidades estrangeiras já estão se adaptando a essa nova realidade. Elas estão reformulando cursos para que sejam “freelance-friendly”, oferecendo aulas online e eletivas rotativas para estimular as habilidades que seus alunos precisam desenvolver. Por exemplo, na Wake Forest University, a professora de comunicação Rebecca Gill implementou o curso “Comunicação em Ambientes Empresariais”, que ensina aos alunos sobre a história da economia compartilhada, como entender e interpretar as necessidades de colaboradores e empresas nesse novo cenário, como avaliar trabalhos e usar ferramentas que facilitam o fluxo de processos.

Algumas instituições têm criado hubs de inovação e possibilidades para que seus alunos criem portfólios adaptados às próprias habilidades. Na Emory University, os alunos podem ganhar certificados em disciplinas como escrita criativa e fotografia digital. Já na Georgia Institute of Technology, o programa Create-X já ajudou a fundar 81 startups de estudantes, que arrecadaram coletivamente dois milhões de dólares em três anos.

Embora as universidades estrangeiras estejam se movimentando para se adaptar à economia compartilhada, ainda é pequeno o número de instituições preparando seus alunos para esse novo cenário econômico. Um levantamento da UpWork revelou que 89% dos freelancers desejavam que as escolas os preparassem melhor para esse tipo de trabalho. Há uma série de habilidades que precisam ser desenvolvidas dentro e fora das universidades, como a capacidade de aprender com os próprios erros, ser o próprio empregador, gerenciar finanças e vender o próprio peixe.

A economia compartilhada transformou dinâmicas de mercado em pouco mais de dez anos, mas isso levou a regimes de trabalho que trazem poucas garantias aos colaboradores e esbarram em diversos aspectos legislativos. A tendência é que, aos poucos, os governos criem projetos de lei para regularizar essas contratações. Na Califórnia, por exemplo, o projeto de lei AB5 (Assembly Bill 5) cria um teste de três partes, conhecido como ABC, para definir se um profissional deve ser contratado como empregado, com o pagamento de direitos trabalhistas.

A economia compartilhada traz desafios para empresas, universidades e trabalhadores em todo o mundo. As universidades estrangeiras criaram cursos de curta duração, hubs de empreendedorismo e centros de atendimento para auxiliar seus alunos, o que é um ótimo exemplo para as instituições brasileiras. É preciso desenvolver habilidades essenciais na economia compartilhada, como aprender com os próprios erros, ser o próprio empregador, gerenciar finanças e vender o próprio peixe. A principal habilidade, no entanto, é a capacidade de criar uma própria versão de sucesso, gerenciando a própria carreira e não contando com a validação de corporações e outros agentes externos para se sentir satisfeito com o próprio trabalho.

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Se você gostou deste artigo e está interessado em aprender mais sobre os desafios para a educação, confira as possibilidades da Inteligência Artificial para esse campo. Lembre-se de sempre buscar se atualizar e adaptar às novas dinâmicas de trabalho e renda trazidas pela economia compartilhada.

Fonte: Gazeta do Bairro

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