O mundo observa o Afeganistão e como o grupo Talibã irá administrar a economia daquele país. Especialista mostra que congelamentos internacionais não trarão um impacto como se imagina.
A comunidade internacional tem voltado seus olhos para o Afeganistão, especialmente para o grupo Talibã, que tomou o poder naquele país. Agora, as grandes nações do mundo querem observar como será conduzido este processo de administrar um país. Afinal, devido ao momento financeiro atual daquela nação, é de se supor que uma ajuda do Fundo Monetário Internacional ou das grandes potências seria uma opção.
O FMI e o Banco Mundial ainda não se manifestaram sobre essa mudança no comando do país, mas analistas internacionais acreditam que eles podem cortar a assistência financeira ao Afeganistão. Porém, isso não deve promover impactos significativos naquela nação, explica o PhD, neurocientista, historiador com pós em antropologia Fabiano de Abreu. Ele acredita que os afegãos poderão caminhar com suas próprias pernas, sem precisar recorrer a auxílios externos como muitos imaginam ao sofrer punições dos grandes órgãos financeiros se não seguir às suas determinações: “O Talibã não está tão preocupado com as sanções econômicas como se pensa. Dizer que o mundo se fecha contra eles não os afeta como se imagina. Eles vivem pelos mandamentos da Sharia, não almejam tecnologia ocidental e se alimentam do que tem naquela região”. Além disso, “tudo o que conhecemos de consumo do mundo ocidental não faz parte da cultura deles”, acrescenta.
Fabiano lembra que o grupo Talibã sempre sobreviveu como um grande produtor de drogas, por isso uma sanção econômica viável seria não consumir os entorpecentes produzidos por lá: “Eles sempre sobreviveram como uma organização ligada ao tráfico, daí a única opção viável é não adquirir estes produtos, ou seja, impedir a entrada das drogas provenientes deste país já que impedir um viciado de consumir é mais complexo. Eles são criminosos, além de terroristas, a economia deles é construída com o cultivo de papoulas para o tráfico de drogas, além de extorquir empresas locais e de resgates de sequestros”
Vale lembrar que a renda atual do Talibã é estimada entre US$ 300 milhões e mais de US$ 1,5 bilhão anuais pelo Comitê de Sanções do Conselho de Segurança da ONU, que publicou um relatório em maio de 2020. Além disso, duas grandes potências mundiais poderiam se tornar parceiros do grupo neste momento de novo comando político: “A ajuda financeira da China e da Rússia já seria o suficiente para eles implantarem o regime e aumentar a quantidade de apoiantes e seu poder”, ressalta Fabiano. Outras nações vizinhas também podem acenar com este apoio, acredita Abreu: “Aquela região está favorável ao Talibã e ao seu regime. Irã, Paquistão, China, Rússia e Arábia Saudita. Todo esse apoio já é o suficiente para o crescimento do regime”, completa Fabiano.
Humberto Schvabe