O nome do profissional veio de barba + a terminação designativa de profissão - “eiro”.
Agora veja os seguintes trechos extraídos dos verbetes “barbeiro” no Dicionário Morais Silva: “homem que tem por ofício rapar ou aparar barbas e cortar o cabelo. Dentista, Curandeiro. Havia antigamente ´Barbeiros de Lanceta´, isto é, sangradores. Indivíduo que não é hábil na sua profissão”.
No Brasil e em Portugal, até as primeiras décadas do século XIX, os barbeiros também praticavam odontologia e medicina, chegando até a realizar cirurgias (médico especialista era coisa de rico, de gente da corte). E aí, imagine o que deve ter acontecido com os pobres clientes. Quantos dentes mal arrancados? Quantas bocas feridas? Quantas punções geradoras de infecções terríveis? Quantos quelóides? Associe a isso o fato de o ofício de barbeiro, em sentido restrito, não exigir uma especialização, mas tão somente certa habilidade manual (com todo respeito aos profissionais do ramo).
Pronto! Não foi difícil a palavra ganhar aquela última acepção: “indivíduo que não é hábil na sua profissão”. Daí também se formou a “barbeiragem” como sinônimo de incompetência.
Já o nome do inseto é outra história. Em abril de 1909, o jovem cientista mineiro Carlos Chagas, então com 30 anos, assim se pronunciava num comunicado: “Saibam todos que o inseto conhecido por barbeiro ou chupão, encontrado nas casas de pau-a-pique dos sertanejos do Brasil, é portador de um parasita que causa febre, anemia, cardiopatias e aumento dos gânglios”. E todos ficaram sabendo que Chagas havia identificado o agente causador da doença, um protozoário (transmitido pelo barbeiro) que ele chamou de Tripanossoma Cruzi, em homenagem ao sanitarista Osvaldo Cruz. A partir daí, foi o povo que se encarregou de outra homenagem, batizando o mal como “Doença de Chagas”.
O barbeiro deve seu nome popular ao fato de ele chupar o sangue de sua vítima quase sempre no rosto, enquanto ela dorme (na verdade, o barbeiro não tem uma predileção especial por rostos, é que, ao dormirmos, essa parte do corpo se acha sempre descoberta e ao inteiro dispor do vampirismo.
Humberto Schvabe