A Fundação de Ação Social (FAS) atendeu 458 pessoas em situação de rua na terceira ação intensificada do ano por causa das baixas temperaturas, na noite desta quarta-feira (5/6). A maioria (375 pessoas) buscou acolhimento espontaneamente para dormir protegida nos abrigos ofertados pela Prefeitura, onde, além de cama, é possível tomar banho, trocar de roupa e receber jantar e café da manhã.
Além da abordagem social que aconteceu em toda a cidade, a FAS realizou uma ação especial no entorno do Mercado Municipal, no Centro, onde todas as noites pelo menos 80 pessoas costumam dormir. Foram ofertados serviços da rede assistencial, alimentação e internamento em comunidades terapêuticas.Das 18h às 6h, as equipes da FAS fizeram 125 abordagens sociais na cidade, sendo que em 74 casos as solicitações chegaram pela Central 156, da Prefeitura, e duas por telefone. Em 30 casos, as equipes foram até o local indicado, mas não havia ninguém para atendimento.
Convencidas pelos educadores, 83 pessoas aceitaram acolhimento e foram encaminhadas para as unidades do município. Debilitada, uma pessoa foi levada para uma unidade de pronto atendimento (UPA) e 33 preferiram permanecer nas ruas, apesar do frio.Retorno familiarA FAS também conseguiu convencer oito pessoas a retornar para suas famílias, depois de contato feito pelas equipes. Uma delas foi o pintor e pedreiro Romualdo de Lucas, 62 anos, que há cinco anos chegou a Curitiba em busca de emprego. “Consegui serviço por pouco tempo, mas o homem não me pagou e até hoje fico nas ruas”, contou.
Lucas costuma dormir nos abrigos do município, mas na noite desta quinta-feira, ao encontrar a equipe da FAS ao lado do Mercado Municipal, decidiu voltar para a terra natal, Feira de Santana, na Bahia. “Quero voltar a ver minha família”, disse ele emocionado, antes de embarcar na Kombi que o levaria para o abrigo onde passaria a noite e retornaria nesta quinta para pegar a passagem ofertada pela Casa da Acolhida e do Regresso (CAR), também da FAS.
Grebson Soares de Góis, 27 anos, chegou de Natal, Rio Grande do Norte, há duas semanas para trabalhar em Curitiba, mas decidiu partir para Vacaria, no Rio Grande do Sul, onde vai trabalhar na colheita da maçã. “Não existe cidade melhor que Curitiba. Os abrigos são limpinhos, a comida é boa, os funcionários são bacanas. Aqui, fica na rua quem quer e reclama quem é recalcado”, disse o rapaz, que morou durante dois anos na Cracolândia, em São Paulo, e contou conhecer dezenas de cidades do país.Expresso SolidariedadeCom um amigo, Góis foi ao Mercado Municipal para jantar no Expresso Solidariedade, ônibus adaptado em forma de refeitório onde foram servidas 270 refeições ofertadas por voluntários da organização religiosa Toca de Assis. Na marmita, arroz, feijão e carne, além de pão, pão de queijo e suco.
A maioria das pessoas atendidas vive em pensões e hotéis do entorno ou é moradora da Vila Torres. Apenas 27 pessoas aceitaram acolhimento da FAS.
Durante a ação no Mercado Municipal, cinco pessoas pediram para ser internadas em comunidades terapêuticas, serviço que foi ofertado pelas organizações Casa de Recuperação Água da Vida (Cravi), Centro de Recuperação de Vidas (Crevi) e Igreja Manaim.
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Humberto Schvabe
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