A verdade é que nem todos tem as mesmas oportunidades nesta vida. Envolvidos com a pregação e algumas convicções de que “todos temos condições de progredir” a gente acaba ficando confuso. A realidade é que temos de prestar atenção para o fato de que isto é, na verdade, uma distorção da realidade. Sem ir mais a fundo para perceber ou identificar a diferença de oportunidades entre as camadas sociais a gente tende a aceitar que todos temos “capacidade” de mudar nossa realidade. Habituado às dificuldades, o cidadão mediano que dá conta da vida e respeita a lei e a ordem tende a “achar” que todos os indivíduos têm condições de sair da marginalidade ou do meio onde nasce. Diante de exemplos de superação, a tendência é acreditar que “todos podem”. Imagine um indivíduo gerado por uma mãe sem escolaridade, doente, sem força para educar, criado em condições sub-humanas, sem alimentação e abrigo adequados, em meio a marginais e outros desnutridos, vivendo apenas em sua comunidade. Sem ter ao seu alcance exemplos e opções de acesso ele dificilmente vai conseguir vislumbrar a possibilidade de uma vida digna. Em contrapartida, o mais favorecido com pais bem formados, saudáveis gerando filho bem protegido, com tudo o que precisa, com acesso a boa e variada alimentação, educação, entretenimento e conhecimento de mundo. Não, isto não é nenhum privilégio. É sim condição básica de como deveríamos todos chegar a este mundo. Sem consciência deste diferencial, não tem como o indivíduo questionar esta realidade. O discurso de que todos sabem o que é certo e o que é errado nos é imposto por aqueles que comandam a Nação e não tem interesse numa sociedade educada e bem alimentada que posso vir a questionar estas “autoridades”. Para eles, manter a atenção do público distraída, longe destes problemas sociais, com exemplos de quem “vem de baixo”, plantam a falsa realidade de que todos tem oportunidades iguais.
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