*Verba volant, scripta manent do grande Temer
Jornalista Humberto Schvabe
Fugindo das voláteis palavras que nortearam sua carreira política, o presidente do PMDB desembarca do governo que ajudou a afundar, mantendo-se coerente com sua vida pública. Assim, tenta abrir, na possível cassação de Dilma, um caminho novo para, entrar para a história com mais poder ainda.
Cara lavada; bem barbeada, dissimulando a tradicional “cara de pau”. Partilhou do poder maior ao longo do primeiro, e no curso deste segundo mandato, como vice.
Como pode, ele e os seus, imaginarem que alguém vá acreditar neste conteúdo falseado, bem redigido, mas surreal recheado de prepotência, exalando o desejo de poder, sem em momento algum dissimular a velha gana-gana por cargos e benesses.
Diante de todas as reclamações postas mostrou mais uma vez não merecer a confiança dos do poder atual, assim como ambos não merecem a nossa confiança.
Então, não foi enganado. Sabia. Matreiro, se calou para preservar-se no segundo cargo onde se manteve sempre respeitoso à “senhora doutora” Dilma (como assina na carta).
Se queixa de desconfiança e menosprezo, ao mesmo tempo em que arrota lealdade. Reclama da absoluta desconfiança da senhora, incompatível com o que fez para manter o apoio pessoal e partidário ao governo. Diz ter mantido a unidade do PMDB no apoio que todos sabemos já se foi há muito tempo.
Reclama ter sido tratado com mero acessório, secundário, e assim mesmo, se manteve leal. Provocado com a retirada do amigo do Ministério da Aviação, chegou “a registrar” sua reclamação com Dilma, mas mesmo assim se manteve ”fiel”? Por quê?
Lamentou em nome de Eliseu Padilha (ante muitas “desfeitas”) a retirada de indicados para a ANAC, depois que, ele e o Padilha, conseguiam aprovar o ajuste fiscal. Em seguida, o Temer de sempre declara, empinando seu nariz: “Não titubeamos. Estava em jogo o país”. Aí passa para algumas lamúrias e ressentimentos contidos, concluindo como nova queixa pelo fato do” governo sempre ter buscado promover a divisão do PMDB”.
Fecha sua carta tentando mostrar humildade. Uma louvável humildade onde, registrou: “devo manter cauteloso silêncio com o objetivo de procurar o que sempre fiz: a unidade partidária”.
Desta maneira absurda tenta manter-se fora de um governo que pode cair, abrindo partido “Uma Ponte para o Futuro”como lembrou no provocativo programa de TV do seu PMDB.
Que Deus nos livre de um Temer depois de uma Dilma.
*Verba volant, scripta manent é, como explica na carta um termo latino utilizado nos meios jurídicos que destaca a permanência do registro texto, ao contrário das palavras que, voláteis, ficam no ar.
Humberto Schvabe