A assustadora informação de que, no próximo ano (2016) apenas 1% da população mundial vai ter em seus cofres o mesmo patrimônio que os 99% restantes. Esta informação foi um dos pontos altos antes mesmo do início do Fórum Econômico Mundial, de Davos, na Suíça. Ali estiveramreunidos mais de 2.500 pessoas de 140 países deste nosso mundo que soma mais de 7 bilhões de pessoas e infinitas opiniões diante desta gigantesca distância entre pobres e ricos que continua aumentando.
Até pouco tempo, quem criticava esta desigualdade era taxado de “invejoso”. Hoje, com o Papa Francisco criticando a riqueza até dentro da igreja Católica, assim como outras personalidades se pronunciando sobre a questão como o presidente Barack Obama e até mesmo a diretora do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde o tema começa a ser um pouco mais respeitado. Aumenta o consenso da necessidade de controlar a desigualdade econômica. Hoje já se compreende que sem este controle, a luta contra a pobreza fica ameaçada, colocando em risco também a própria estabilidade da sociedade face aos conflitos que proliferam no globo terrestre.
Em meio a esta discrepância econômica e social, especialistas vem alertando para a miséria que assola o mundo moderno. O sistema de ajuda humanitária está se aproximando do que se poderia chamar limite máximo, segundo alerta o membro do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, Antonio Guterres.
Múltiplos e prolongados conflitos, desastres ambientais e a condição de muitos países falidos, deixam milhões de pessoas ao desabrigo, acelerando ainda mais as crises e nos deixando, segundo Guterres em “níveis sem precedentes de miséria humana”. A cada ano que passa os ricos vão ficando cada vez mais ricos, enquanto os mais pobres se afundam, sem alimento e sem teto, se reproduzindo e fugindo para cidades subdesenvolvidas. A miséria assola o mundo, enquanto os recursos vão se concentrando nas mãos de quem já tem demais.
Acreditando no desenvolvimento humano, preservo a esperança e clamo aos “vencedores”para dar algum sinal de que também estão dispostos a desempenhar seu papel no combate à miséria e às tragédias que atingem tantos seres humanos. E mais que combater a miséria, criar meios para uma sociedade mais justa.
Com o desenvolvimento dos dias de hoje, o domínio das mais incríveis tecnologias, o homem tem sim condições de melhorar a vida daqueles que nascem em meio à miséria e aos conflitos nos mais diversos lugares. É só disponibilizar recursos e criatividade para este fim.
Neste sentido é preciso, antes de tudo,desviar um pouco o “olhar para o alto”, direcionando-o para o horizonte, para os lados e outras cercanias onde, além do sucesso de novas conquistas, podemos construir também uma sociedade melhor. Olhar, não é apenas direcionar os olhos para ver o que existe em nosso campo de visão. Olhar é, também, sentir a realidade que nos cerca.

Humberto Schvabe

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