É a mulher chorosa e arrependida, vem de Maria Madalena, a personagem bíblica que, com suas lágrimas, lavou os pés do Senhor.
Maria ficou Madalena porque, na repartição dos bens de sua próspera família, virou dona do castelo de Magdala, cidade na margem do Mar da Galiléia (por isso o nome também aparece grafado Magdalena).
Madalena vivia na riqueza e na luxúria. Seu arrependimento, passaporte para sua posterior canonização, é a origem da expressão Madalena Arrependida, que na verdade é uma redundância.
Ela foi uma das Marias (a outra era Maria de Tiago) para quem Jesus apareceu depois de ressuscitar. Isso mesmo, as primeiras pessoas que viram Jesus ressuscitado foram duas mulheres. Ponto para as feministas. Acresça-se a isso que (1) para os romanos e os judeus, naquela época, o testemunho de uma mulher tinha valor menor e (2) Jesus sabia muito bem o que fazia.
Passemos à mesa.
O doce Madalena, um delicioso bolinho de forma ovalada, nasceu em 1755. Nesse ano o Rei da Polônia, Stanislas leszezynki, sogro de Luis XV, estava na França, hospedado no castelo do genro. Numa noite, o confeiteiro real, ranzinza como ele só, havia abandonado o posto, e Stanislas, após o jantar, pediu uma sobremesa. Então imploraram a uma auxiliar, chamada Madeleine Paumier, que, pelo amor de Deus, providenciasse alguma coisa para o ilustre hóspede. Madeleine pegou uns bolinhos doces – aromatizados com limão e laranja -, que havia preparado para seu lanchinho noturno, aqueceu-os no forno e mandou para a majestade. O Rei da Polônia gemeu, entrou em êxtase e homenageou a autora batizando o docinho com o nome dela.
Generoso rei. Se ostentasse um egoísmo real, você acredita que Proust teria suas memórias deflagradas depois de comer um Leszcynski?
Humberto Schvabe