Ao que tudo indica, poucas são as possibilidades de mudança na Câmara Municipal de Curitiba. O verde Paulo Salamuni, que sempre carregou o mérito de ser um oposicionista e assim fez sua carreira, dá o exemplo primeiro. Para chegar ao cargo em seu sétimo mandato, concretizando o velho sonho de presidir a casa, virou e só não teve 100% dos votos pela persistência louca do vereador Galdino.
Montou a chapa com velhos colegas, de todas as ideologias (muitos deles eternos adversários), como Tito Zeglin (PDT), Julieta Reis (DEM), Zé Maria (PPS), Jairo Marcelino (PSD), Noemia Rocha (PMDB) e Serginho do Posto (PSDB). Para agradar aos novos, se juntou ainda a Aílton Araujo (PSC), e Chico da Uberaba (PMN). Uma festa de partidos da extrema direita até a meia esquerda, já que da esquerda não tem ninguém.
O homem luta pelo poder para mudar o que está errado. No poder, tem de ceder, negociar e em geral acaba participando, ou aceitando o jogo de sempre. Será que eu poderia dizer como um “amigo” cujo texto li está semana, que o homem quer se corromper: Sabe que o poder corrompe, logo não poderia aceitar o poder, pois estaria no caminho da corrupção. Mas tem gente que precisa partilhar ou estar próximo para viver.
Isto não é 100% verdade, pois sempre vamos encontrar políticos idôneos.
E não é só em Curitiba. Em qualquer sociedade, se verificarmos os cidadãos em condições de assumir postos eletivos, ou seja, com possibilidade de governar nossas vidas, verificaremos que essas pessoas são as mais despreparadas.
Tudo começa com os acordos duvidosos, as alianças espúrias, os acertos financeiros, as coligações para viabilizar uma candidatura. Daí pode derivar para as famosas caixas de campanha, e outros caminhos em busca dos lucros fáceis.
O dito de que a Política é a “arte do conchavo”, deveria ser substituído por “arte de negociar”, outra dificuldade; Negociar ideias e projetos seria o caminho. No entanto acaba despencando para a negociata, troca de favores, quando não descamba para a margem de um mundo honesto.
São as regras e tentações injustas e traiçoeiras, que atingem “os do poder”, como esta brincadeira de sedução, descampando para o frenesi da instável trupe que sustenta os egos em crescimento.
Quem circula neste setor público conhece as regras do jogo político, mas finge desconhecê-las.
Brincam nesta roleta russa tentando ludibriar-se, esquecendo os sonhos de antes de chegar ao poder.
Da necessidade inicial de ceder um pouco, para conseguir levar suas ideias, acaba passando para o outro lado, onde partilha o poder com “os de sempre”, como acontece agora na câmara onde, os que chegam, para partilhar, tem de ceder à maioria, juntando velhos adversários na ocupação dos “espaços”.
O destino de milhões e milhões de seres humanos são relegados a segundo plano no jogo do toma lá da cá que possa assegurar mais um mandato.
Assim continua a encenação onde todos interpretam, escondendo ódios com falsos sorrisos sustentando a mais aparente paz.
É possível mudar? Sim, sempre é possível! Com novas regras e com a população bem instruída.
O tempo é de reflexão!
Humberto Schvabe