Há dois tipos de homens. O primeiro é aquele que faz história. O segundo é aquele que conta história. É esse segundo tipo que procuro apresentar.
As massas populares sempre demonstraram interesse pelos retratos das personalidades de seus chefes. Parafraseando Sheakspeare, pode-se dizer que os assuntos particulares dos grandes historiadores constituem o interesse publico de todos nós. Nenhuma raça imaginativa contemplou jamais a criação do universo, sem uma tentativa para compreender o criador. E, destarte, os poetas e fabricantes de mitos do mundo é que forneceram à humanidade as biografias dos deuses.
De modo análogo, ao ouvirmos a maravilha da narrativa, buscamos compreender a fonte dessa divina fonte, não um deus, mas, o que é muito mais extraordinário – um Homem!. Um homem que interpreta em historias humanas os pensamentos de Deus. E é essa força interpretativa do grande historiador que lhe eleva a personalidade a um plano imortal.
Sem embargo, a simples capacidade de interpretação não basta para imortalizar o historiador. Como sabemos, o grande historiador é possuído também da vontade de interpretar.
Reza uma lenda oriental que Deus coloca obstáculos no caminho do gênio para que os anjos possam aprender com os homens a serem sábios e fortes. Essa sabedoria e essa força – que se chama inteligência na linguagem divina – é o estofo de que são feitos os grandes historiadores. E é essa qualidade que transforma um sofredor humano, num professor divino.
Prof. Benno Wagner
Humberto Schvabe