Ao questionar pessoas ligadas aos mais diversos partidos políticos sobre as razões que os levam a defender o mesmo, tenho visto reações muito estranhas. Em especial tentando acusar que só vejo defeito no seu partido ou político.
Lendo artigo do cientista e professor Heni Ozi Cukier, vejo que tenho de concordar que isto é muito comum na maneira de interagir através das redes sociais e dos aplicativos de relacionamentos, onde o diálogo acontece de maneira muito diversa do tradicional olho no olho.
A distância entre os interlocutores, parece, cria um diálogo mais “duro” ou “frio” que vem levando à polarização de posturas e opiniões onde os argumentos são trocados com muita facilidade pela agressão verbal direta, o que, muitas vezes, deixa esse meio praticamente irracional.
Este detalhe somado ao vício de insistir em receber seus direitos esquecendo a contrapartida normal das obrigações, deixa o brasileiro numa situação ainda mais crítica no aprofundamento da não aceitação da opinião diversa, tão natural e até mesmo indispensável dentro da racionalidade e da postura crítica indispensável ao crescimento pessoal e ao aprimoramento do convívio social.
Como somos o que pensamos, é sempre bom lembrar do risco de construímos ideias irreais em respeito da gente mesmo. E isto é bem comum quando nossas percepções são distorcidas por vícios de comportamento (como no caso das redes sociais), levando a gente a uma interpretação inadequada ou equivocada sobre comportamentos e posturas de outras pessoas e, também, de nós mesmos.
Esta postura cria uma rigidez de pensamento, onde inflexível a pessoa não aceita e assim não assimila argumentos novos caindo no vício de “manter as coisas como estão”.
Vale no final deixar claro e destacar que esta flexibilidade cognitiva pode ser positiva para as pessoas normais. Elas não se aplicam aos vícios do poder e dos poderosos, onde a “rigidez” de pensamento (cognitiva) serve mesmo é para justificar vícios e benefícios conscientes.
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Humberto Schvabe
Humberto Schvabe