Jorn. Humberto Schvabe
"O sucesso é mais perigoso do que o fracasso. Ele leva as pessoas a perderem a cabeça e muitas vezes, o caráter."
Bill GatesBill Gates
Neste hábito de ir a fundo nas questões, acordei hojerefletindo sobre o poder e este caminhar na tênue linha entre o “eu” e os “outros”,entre o meu ego e as pessoas que me cercam.
Essa é uma questão intrincada, que envolve fatores pessoais, psicológicos, sociais, institucionais e de interação humana. Resolvi aprofundar esse raciocínio na manhã de hoje, destacando o manejo do ego dentro das diversas escalas de poder. O equilíbrio é, sem dúvida, o ponto mais crítico para a manutenção da governabilidade.
O Desafio do Equilíbrio
Manter esse equilíbrio é uma dinâmica contínua e desafiadora, permeada por motivações e pressões vindas de diferentes setores. A jornada começa com o desejo de alcançar o poder, segue com as transformações pessoais e institucionais até culminar na ascensão efetiva. É nesse ponto que os maiores riscos surgem, superando os desafios do percurso e sempre potencializados pela luta para se manter no controle.
A motivação inicial deve sempre estar presente: os valores e ideais, a busca pelo bem comum e o enfrentamento das desigualdades. Sem essa percepção, a liderança corre o risco de se transformar em um simples objeto do poder, com poder.
Inerente à condição humana, esta busca pode surgir de razões nobres ou de pura ambição. O poder é fundamental, mas, se guiado apenas pelo desejo, tende a perder a racionalidade. Ambientes desmedidos frequentemente corrompem valores essenciais, substituindo a razão por caprichos.
O Papel da Ambição
A ambição, embora seja uma força motriz do progresso humano, quando levada ao extremo, obscurece perspectivas e polariza decisões. Isso cria um ciclo de problemas que ameaça tanto o próprio poder quanto a estabilidade de quem o exerce. Além disso, amplia a vulnerabilidade a influências externas e manipulações ideológicas, muitas vezes justificadas como "defesa do Estado". Fenômenos como fanatismo religioso ou políticas radicais — sejam liberais ou socialistas — frequentemente resultam em regimes autoritários e violentos.
A tolerância às críticas é um pilar indispensável para líderes. Saber ouvir e aprender, mesmo ante os mais ferrenhos adversários, demonstra maturidade e respeito pela pluralidade de ideias. Uma atitude que enriquece a gestão e, ao mesmo tempo, amplia os relacionamentos, muitas vezes restritos em ambientes de poder.
O Valor da Responsabilidade
Por fim, a responsabilidade — ouaccountability— deve ser o norte de toda liderança pública. Prestar contas significa não apenas celebrar acertos, mas também reconhecer erros com humildade e transparência. Assim como uma impressão digital nunca é perfeitamente limpa, a gestão humana carrega suas falhas. Contudo, é essa imperfeição que torna a busca pela excelência uma jornada constante e transformadora.
Humberto Schvabe