O possível mundo invisível

– Pedro da Costa – Todos nós já tivemos em nossa vida um acontecimento para o qual qualquer explicação lógica inexiste, ou conhecemos alguém que narra casos de telecinésia (deslocamento de objetos sem causa física observável ou conhecida). A quantidade de testemunhas é tão grande que a alegação de fraude ou histeria torna-se insubsistente. Até hoje, ninguém, nem o maior dos loucos, afirmou ter visto um elefante cantando. Elefante não canta.
Mas quanto à existência de um outro mundo – ou de outros planos concomitantes com aquele que aprendemos com os sentidos – o número de provas testemunhais, severamente controladas, derrubam o ver para crer. As estruturas mais reais são as que não vemos – ensina-nos a física atômica. Se o homem é capaz de “milagres” de técnica e de cálculos, por que negar, peremptoriamente, que essa capacidade possa dever-se a fatores que os nossos grosseiros órgãos dos sentidos não podem captar, de modo habitual e sem preparação? Mesmo nesse nosso mundo, os indivíduos excepcionalmente bem dotados para a matemática ou para a música ou para a poesia constituem minoria. Porque negar que homens submetidos a uma severa desintoxicação orgânica e mental, e dedicados à profunda meditação e à contemplação da natureza, não tenham podido vislumbrar ou sentir esses outros universos que coabitam com o visível?
É necessário que reconheçamos de início, que não existe apenas uma fonte de conhecimento, o da lógica formal e o dos sentidos. Na própria descoberta matemática o primeiro passo que surge como um poema, que o matemático vai construir o arcabouço sólido do seu raciocínio sistematizado.
O primeiro postulado da Teosofia é que existe uma Primeira Grande Causa, uma Realidade Infinita, de que brotam todas as manifestações. Dessa raiz primeira, surgem duas polaridades fundamentais e opostas: o “Espiritismo” e a “Matéria”. É o campo – à semelhança do campo eletromagnético – de dois pólos opostos, de cuja tensão resulta a futura manifestação. Portanto, a consciência já compartilha da própria realidade em sua manifestação. É da Trindade da manifestação que se originam três jatos, três correntes da atividade criadora. A primeira dará lugar a sete ordens da matemática, cada uma delas com densidades diferentes, e que se interpenetram entre si. Não existe apenas uma terra, mas sete esferas concêntricas, sendo que só podemos perceber pelos sentidos a mais densa. A vida de Deus exprime-se através do mundo físico, enquanto percebida pelos astral (sentimento) e pelo mundo mental (pensamento), como se fosse uma energia. O astral constitui-se de elementos mais refinados do que o mundo físico, e o mental ainda mais se eleva. Através de mundos ainda mais sutis surgem os vários modos de manifestação “espiritual”. O segundo “jato” estimulará a matéria existente em todos os planos da vida, formas que evoluirão até as manifestações maravilhosamente complexas que conhecemos. O terceiro “jato” se concretiza quando a forma humana é atingida, pois nela, como disse o Cristo, “mora alguém”. É o triunfo da Criação, esse homem (a mônada, segundo a Teosofia) autoconsciente, divino, que traz dentro de si todas as potencialidades da divindade. Sua longa jornada é para desabrochar seus poderes divinos que se encontram latentes. Para esse fim é que nós vivemos. As afirmações da teosofia quanto à permeabilidade da matéria (a solidez de qualquer substancia não passa de uma ilusão – maya), estão de acordo com a pesquisa científica. A Teosofia parte do princípio que a natureza é uma unidade, o que se aplica em dimensão menor também funciona em dimensão maior. Ninguém sabe o que é eletricidade, embora esteja por toda a parte. Só é conhecida pelos seus efeitos. Ainda que haja um circuito elétrico, se não houver lâmpada não haverá luz. Mas, apesar da escuridão, a eletricidade continuará passando pelos fios, em vertiginosa velocidade.

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