O chegada de um novo filho do desenvolvimento até seu amadurecimento

2023 06 19 1-gazeta-do-bairro

Texto de: Conceição Aparecida Serralha* – Universidade Federal do Triângulo Mineiro (PPGP-UFTM)

Adaptado por: Humberto Schvabe

 

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            O amadurecimento do ser humano é mais um dos processos do desenvolvimento de cada indivíduo ao longo de sua vida que junta o que traz das gerações anteriores e de como esta herança genética vai se adaptar ao seio familiar e ao ambiente em que vive esta família, estendendo-se na sequência para as pessoas e os locais onde este novo ser vai se desenvolver, ou se seja, a sociedade.

Mesmo sem o devido conhecimento mais profundo, me aventuro a fazer esta adaptação/resumo pelo olhar que sempre tive na criação dos filhos, pela experiência e, em especial, por considerar o tema fundamental para novos e futuros casais.

            Tudo começa pela família que recebe o presente e o compromisso de receber o novo indivíduo num ambiente facilitador para o seu desenvolvimento.

            Dali sai para o mundo, onde vai ampliando sua conscientização. Da mão da mãe, com o fundamental apoio do pai. Uma presença que precisa ser mais forte tomando para si o lhe cabe de responsabilidade pela educação da criança que, inclusive, aumenta com o desenvolvimento e amadurecimento do jovem.

            Especialistas destacam isto como um terreno propício para facilitar a integração do novo ser, conduzido por casal suficientemente amadurecidos em termos de relacionamento e afetividade  com apoio da família mais ampla e da comunidade. Entretanto, em razão de sua formação médica e, portanto, de um conhecimento da fisiologia humana, Winnicott não podia deixar de levar em conta também, inicialmente, a influência dos hormônios presentes na gravidez no direcionamento da mulher para o bebê em seu útero, fruto desse relacionamento. Inclusive no período de gestação, cujas transformações são importantes psicologicamente na mulher, que também necessita da atenção da família como um todo, se isto for possível.

            Isto é a base e em especial, onde os pais podem e devem fazer sua parte. Mesmo com a fundamental presença nestes primeiros anos de formação e contato com o mundo, é indiscutível que a sensibilidade humana vai reagir a todos os acontecimentos que chegam ao novo ser, da mais tenra infância até o fim de sua vida. Para a autora, o indivíduo sempre será muito sensível ao que acontece e, ao mesmo tempo, às tendências herdadas -negativas ou positivas e àquilo que era esperado acontecer para viabilizar seu amadurecimento. 

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            Mesmo sem ser fácil fica a recomendação para buscar sempre agir dentro do ponto de vista do bebê que se inicia no primeiro momento de vida onde tudo justifica: atender todas as suas necessidades. Sua “imaturidade” não é capaz de compreendê-la. Questão de sobrevivência.

            O nascimento é uma grande ruptura para quem sai da condição de feto, onde desde os quatro meses de gestação já ouviu a voz da mãe e do pai, sentiu os movimentos e o ritmo do batimento cardíaco da mãe. Sem contar todas as demais mudanças físicas onde tem até que aprender a beber e a comer. Precisa de uma quantidade razoável de “coisas” que aconteciam naturalmente, passarem para as mãos de outros seres humanos neste processo inicial de amadurecimento. Pura responsabilidade dos cuidadores (Em geral pai e mãe) até a maturação do indivíduo sejam suficientemente satisfeitas. Cuidados oferecidos no sentido de conseguir estabilidade, confiabilidade, sustentabilidade, previsibilidade, adaptabilidade, segurança e amor. Coisas simples, mas essenciais para o desenvolvimento e para a sobrevivência.

            Assim ficam claras as necessidades iniciais do bebê, dentro 

um ambiente propício ao atendimento adequado.

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            No início esse ambiente vai formar uma unidade com o bebê com a sagrada maternidade com sua sensibilidade aumentada. Para o bebê esse ambiente existe de forma subjetiva e, gradualmente, com o surgimento de  novos processos ele vai se integrando com algumas realizações e se desenvolvendo em razão dos cuidados, até o momento de mais autonomia quando, deixando de ser bebê começa a separar os ambientes através de ações mais objetivas.

            Esse ambiente permite o começo deste existir através de experiências. O ego, o dominar instintos e as demais dificuldades e facilidades inerentes à vida. 

            Falando do conceito de indivíduo saudável, deve-se ainda incluir na formação, maneiras cada vez mais complexas apresentando o princípio da realidade, e o desenvolvimento da criança para conhecer a si mesma.

            Antes de continuar é bom deixar claro que a base do conteúdo está desenvolvido dentro da configuração familiar tradicional, hoje com muitas variantes que precisam ser adequadas. O fundamental é entender que este novo ser precisa ter a sua disposição um ambiente facilitador. É fundamental para seu desenvolvimento, mas antes de tudo indispensável para sua sobrevivência.

 

            Entender e reconhecer por necessidades urgentes do indivíduo e fornecer as condições necessárias a essa satisfação. 

Vale esclarecer que os aspectos masculino e feminino nada têm a ver com o sexo biológico dos responsáveis pela criação.

            Ao definir o elemento feminino puro como a capacidade de identificação, que possibilita alguém – seja homem ou mulher – ser e deixar ser, Winnicott o contrasta com o elemento masculino puro, a princípio pelo momento em que este deve se manifestar. 

Deve-se ter em mente que o amadurecimento pessoal pressupõe a presença de um ambiente facilitador das tendências hereditárias do indivíduo para a integração, a partir do exercício de funções parentais, que, acredito devem ser vistas independentemente da configuração familiar estabelecida, uma vez que o que se torna essencial é o grau de amadurecimento no exercício dessas funções.

 

            Descolar o papel paterno da figura do homem, ou do pai biológico, bem como o papel materno da figura da mulher, ou da mãe biológica, parece ser algo ainda envolto em acusação e culpa e distante de um desfecho sem grande sofrimento. 

            É algo que ainda requer amadurecimento pessoal e social. A constituição da família e a contribuição que os pais possam dar para a família dependem muito de como eles se sentem e se relacionam no meio social em que vivem. Se as satisfações sexuais desses pais pertencem a relacionamentos que são aceitos pessoal e socialmente, “elas representam o máximo da saúde mental” . Caso contrário, as dificuldades são previsíveis.

 

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