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Das ruas do Pinheirinho à liderança na saúde do Paraná

Da infância até o título decampeã de votos; vamos falar da linda trajetória da deputada Marcia Huçulak, a enferimeira que liderou o combate à Covid na cidade

Da infância no Pinheirinho à maior votação para deputada estadual no Paraná,a trajetória de Márcia Huçulak combina raiz comunitária, formação sólida e execução em grande escala. Enfermeira pela PUC-PR, especialista (Fiocruz) e mestre em Planejamento e Financiamento em Saúde (Universidade de Londres), ela migrou cedo da assistência para a gestão de sistemas. Sempre com entrega mensurável.

A história da enfermeira Márcia Huçulak é marcada por raízes, desempenho, técnica e capacidade de gestão. Saiu das ruas de terra do Pinheirinho - “meu quintal”, como costuma dizer - para, ao longo de quatro décadas, especializar-se e dedicar-se ao serviço público de saúde. Um trabalho que ganhou novo sentido com a votação expressiva que a levou à Assembleia Legislativa do Paraná. Em todos os capítulos, o fio condutor, o alinhamento é o mesmo: transformar cuidado em política pública que funciona.

Infância que vira vocação

Criada próxima à atual Rua da Cidadania do Pinheirinho, Márcia brincava no terreno onde hoje fica o terminal do bairro e aprendeu cedo a noção de comunidade. Estudou no Colégio Madre Clélia e, ainda adolescente, ouviu de irmã Leni - enfermeira - o conselho que orientaria sua vida: seguir a enfermagem. Formou-se enfermeira (PUC-PR) e iniciou a carreira por concurso em 1986.

Da assistência à gestão: engrenagem que funciona

Na atenção básica, destacou-se por questionar processos e cobrar insumos, equipes e escalas - o necessário para a unidade funcionar. Rapidamente assumiu chefia e, em 1988, com a cidade reorganizada por regionais, tornou-se uma das primeiras supervisoras distritais, atuando em RH, logística, suprimentos e protocolos.

Nos anos 1990, em Curitiba, foi convidada a montar a Divisão de Regulação, passo que inaugurou mudanças estruturantes. Não havia SAMU, ambulâncias nem coordenação de leitos. Márcia participou da criação do serviço de ambulâncias e fundou a primeira Central de Leitos informatizada do Brasil, em 1993 - um salto silencioso e decisivo para salvar vidas. Em paralelo, concluiu especialização em Saúde Pública (Fiocruz, 1989) e mestrado em Planejamento e Financiamento em Saúde (Universidade de Londres) - títulos que nunca viraram troféu de parede, mas ferramenta de gestão.

A atuação no Estado a levaria, depois, a Brasília, como assessora técnica do Conselho Nacional de Secretários de Saúde: traduzindo números em normas e normas em orçamento, acompanhando audiências, negociando com ministérios e Congresso. Não era política; era técnica aplicada com visão sistêmica.

Plano, execução e escala: o Paraná em rede

Em 2010, já de volta ao Paraná, ajudou a construir o plano de governo na saúde e, como superintendente, passou a executá-lo. Os resultados tiveram escala: o SAMU foi de 15 para 385 cidades; os consórcios intermunicipais foram fortalecidos; UTIs neonatal e adulta ampliadas; o programa Mãe Paranaense enfrentou a mortalidade materno-infantil; e o repasse “fundo a fundo” do Estado aos municípios, implantado em 2012, encurtou caminhos e atrasos.

Curitiba e a reconstrução

Em 2017, Rafael Greca a convidou para comandar a Saúde de Curitiba. O diagnóstico era duro: ambulâncias amarradas com arame, UPAs fechadas, obras paradas, falta de medicamentos, equipamentos inoperantes e camas empilhadas - leitos fora de uso por falta de manutenção. Márcia reabriu serviços, normalizou estoques e padronizou processos.

No ano seguinte, articulou em Brasília a ampliação de R$ 25 milhões/ano no teto do SUS de Curitiba e renovou toda a frota do SAMU (33 ambulâncias). Ao apresentar dados concretos, consolidou a capital como polo de referência, reforçando a necessidade de planejamento e cofinanciamento regional: cerca de 40% das internações nos grandes hospitais de Curitiba atendem pacientes de outras cidades do Paraná.

A pandemia: preparo, decisão e fôlego

Quando a COVID-19 chegou, Curitiba já havia saído da improvisação administrativa. A engrenagem, remontada, funcionava. 

“Deus foi bom com Curitiba”, costuma dizer Márcia: houve tempo para se preparar antes do pico. Foi gestão de dados, redesenho de fluxos, abertura de leitos, compra de insumos, coordenação regional e comunicação franca. Se a crise tivesse batido à porta em 2017, no caos herdado, “teria morrido muita gente”.

Da técnica à líder eleita

Márcia sempre se definiu como técnica. Mas quem organiza ambulância, leito e orçamento também faz política pública. O reconhecimento veio das mesmas ruas que foram seu “quintal”: a votação massiva em Curitiba coroou a trajetória e a levou à Assembleia Legislativa do Paraná - a deputada mais votada de Curitiba e do Estado. Uma biografia onde entregar sempre falou mais alto do que prometer.

Assista entrevista exclusiva com a Deputado Márcia.


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