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Região Sudeste apresenta sugestões locais para o Plano Nacional para a Década do Oceano

Mares limpos, proteção da biodiversidade e sistema único de monitoramento da costa estão entre as principais demandas da sociedade

A proteção da vida marinha, um oceano mais limpo e a criação de um sistema único de monitoramento do litoral aparecem entre as principais demandas da região Sudeste a serem contempladas no Plano Nacional para a Década da Ciência Oceânica para o Desenvolvimento Sustentável. A pauta foi discutida durante a Oficina Subnacional Região Sudeste, realizada no começo do mês, com a participação on-line de integrantes de órgãos públicos, pesquisadores, gestores, empresários, técnicos, comunicadores e representantes da sociedade civil.

O encontro buscou identificar ações para os desafios da costa do Sudeste, tendo em vista a articulação de diferentes atores e o engajamento da sociedade. Um dos pontos mais discutidos foi o monitoramento do ambiente costeiro-marinho por meio de uma ferramenta capaz de apresentar dados relacionados à situação do oceano e de atividades que o impactam direta ou indiretamente. De acordo com os especialistas, essa seria uma forma efetiva e eficaz de supervisionar o ambiente costeiro do Sudeste, uma região com forte presença de terminais portuários, plataformas de petróleos e outros empreendimentos econômicos.

“A comunicação é uma ferramenta essencial nos dias atuais. Por isso, os pesquisadores buscam uma plataforma única, onde estejam reunidos todos os dados de monitoramento de oceano, como poluição, abordagem de gestão de ecossistemas pesqueiros, monitoramento de ecossistemas marinhos e desenvolvimento sustentável dos ambientes costeiros. Os dados sobre o oceano são escassos e o que existe não é acessível”, explica Ronaldo Christofoletti, professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN).

Esta foi a terceira oficina subnacional realizada para a construção do Plano Nacional da Década do Oceano. As anteriores ocorreram no Norte e Nordeste. Até dezembro, serão realizados encontros nas demais regiões – no Sul ocorre nesta semana –, concluindo a agenda de eventos programada para traçar as diretrizes que ajudarão o Brasil a planejar ações a favor do ecossistema marinho-costeiro para serem executadas no período de 2021 a 2030, quando ocorre a Década do Oceano, declarada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

“Um oceano acessível, conhecido e valorizado por todos é necessário para fortalecer a cultura oceânica e o entendimento de sua influência na vida das pessoas. Programas de pesquisa e o ensino na educação formal e não formal são essenciais, assim como investimentos e financiamentos contínuos”, diz Christofoletti.

Participação de todos

A região Sudeste contribui com mais de 50% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, concentra 42% da população do país e 40% dos habitantes da zona costeira. O estado do Rio de Janeiro apresenta a maior concentração e o Espírito Santo, a terceira maior entre todos os estados brasileiros.

“Com a elevada urbanização na zona costeira, os ecossistemas marinhos são impactados pela pressão antrópica. A presença de grandes portos, como Santos e Rio de Janeiro, atividades industriais e o próprio adensamento populacional fazem com que o litoral da região Sudeste sofra um acúmulo de impactos que levam à perda de habitat, ao aumento da concentração de poluentes, ao surgimento de zonas mortas sem biodiversidade (exceto microrganismos) e a conflitos socioambientais. Precisamos dar visibilidade a essas questões, com atenção e discernimento para garantir o que queremos para essa nova década costeira”, afirma Alexander Turra, membro da RECN, professor titular do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e responsável pela Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano.

Década do OceanoA Década do Oceano, que começa em 2021 e vai até 2030, foi proposta pela ONU para que todas os países voltem atenção ao ecossistema marinho-costeiro para conscientizar a população global sobre a sua importância, assim como mobilizar atores públicos, privados e da sociedade civil organizada em ações que favoreçam a saúde e a sustentabilidade dos mares.

No Brasil, a série de eventos para traçar o Plano Nacional é uma iniciativa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI), Marinha do Brasil, Unesco Brasil, Unifesp, Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e Rede ODS Brasil. A programação completa e o formulário de inscrição nas próximas etapas estão disponíveis no site http://decada.ciencianomar.mctic.gov.br. As vagas são limitadas.

Acompanhe a agenda dos próximos eventos:

19 a 23 de outubro: Oficina Região Sulhttp://decada.ciencianomar.mctic.gov.br/eventos/oficina-regiao-sul/

09 a 13 de novembro: Oficina Região Centro-Oestehttp://decada.ciencianomar.mctic.gov.br/eventos/oficina-regiao-centro-oeste/

02 de dezembro: II Webinar Nacional – O que temos e para onde vamos?http://decada.ciencianomar.mctic.gov.br/eventos/segundo-webnar-nacional/

Sobre a Fundação Grupo Boticário

Com 30 anos de história, a Fundação Grupo Boticário é uma das principais fundações empresariais do Brasil que atuam para proteger a natureza brasileira. A instituição atua para que a conservação da biodiversidade seja priorizada nos negócios e em políticas públicas e apoia ações que aproximem diferentes atores e mecanismos em busca de soluções para os principais desafios ambientais, sociais e econômicos. Protege duas áreas de Mata Atlântica e Cerrado – os biomas mais ameaçados do Brasil –, somando 11 mil hectares, o equivalente a 70 Parques do Ibirapuera. Com mais de 1,2 milhão de seguidores nas redes sociais, busca também aproximar a natureza do cotidiano das pessoas. A Fundação é fruto da inspiração de Miguel Krigsner, fundador de O Boticário e atual presidente do Conselho de Administração do Grupo Boticário. A instituição foi criada em 1990, dois anos antes da Rio-92 ou Cúpula da Terra, evento que foi um marco para a conservação ambiental mundial.


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