Aqui alinhavando as recordações destas quatro décadas chego a me emocionar ante a lembrança de fatos inusitados em nossas vidas.
Tudo começou com uma gravidez de risco e o alerta do médico de que as chances da criança se desenvolver no útero eram mínimas. Estava preso na bacia ou numa posição onde não tinha como se desenvolver e estava difícil de voltar para a posição normal.
Todo cuidado era pouco, havia grande probabilidade de um aborto. O pai tinha que trabalhar (na época na Rádio Independência) e para não deixá-la sozinha, levava até casa de sua mãe. Lá a escada era imensa e ela não podia subir por ordem médica. Faziam cadeirinha com os braços para levar até lá em cima, quando não, o pai a conduzia nos braços. Diante de uma série de cuidados médicos, ainda foi solicitado repouso absoluto.
Em nossas vidas, as vezes o inexplicável acontece: a jovem grávida de seu primogênito, num belo dia, voltando de mais uma das tantas consultas e depois de mais uma vez ter subido a escadaria no colo, em vez de seguir o repouso, distraída desceu as escadas. Foi para o quintal dos fundos, procurar a sua mãe. Quando já estava no último degrau, “caiu a ficha”: não podia ter descido. Agora já foi… ao mesmo tempo avistou o pé de ameixa carregadinho com aquelas frutinhas amarelas. Não resistiu ao desejo de escalar a tentadora árvore. Foi mais forte que sua fragilidade naquele momento. Incontinente subiu até o topo da ameixeira.
Realizada por estar no alto da árvore, começou a se deliciar com as frutas atirando os caroços no balde próxima de sua mãe, que estendia roupa no varal.
A mãe olhava para um lado não via ninguém, olhava para o outro lado e nada. De repente ela olhou para cima! Veio o sermão:
- “Onde já se viu! Parece que não tem juízo. O médico não estava brincando quando pediu repouso absoluto”. Veja bem, repouso absoluto!
Apavorada se dependurou em um galho, e pulou ao chão.
Pois bem, foi onde salvou a vida daquela maravilhosa criança, que hoje completa 40 anos.
Foram de imediato ao médico com a condição de não contar nada da peraltice a ele. Depois dos exames de rotina, o médico veio feliz dizer que a família podia festejar; estava fora de perigo. O bebê havia voltado “sozinho” .
Até hoje não sabe como foi que aconteceu. Segredo de família. Nós sabemos que não foi o “repouso” recomendado. As vezes acertamos com os nossos erros. Foi o que aconteceu naquele dia.
Mas aqui no meu íntimo tenho plena convicção da presença da mão Divina, que empurrou a para salvação daquela criança.
Humberto Schvabe