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Quem irá cuidar dos idosos da geração Y?

Quem irá cuidar dos idosos da geração Y?

Pesquisa sobre Cuidados Paliativos mostra que sistemas de saúde precisam se adaptar ao crescimento de mortes por doenças relacionadas à idade

Você já parou para pensar sobre quem vai cuidar de você na velhice? O futuro do Brasil é ser um país com grande proporção de pessoas idosas. Segundo o IBGE, o número de idosos vai ultrapassar o de jovens em 2031, quando haverá 42,3 milhões de jovens (0-14 anos) e 43,3 milhões de idosos (60 anos e mais), ou seja, 102,3 idosos para cada 100 jovens. Em 2055, a projeção é de 202 idosos para cada 100 jovens.

A família vem se tornando menor e os idosos cada vez mais independentes e, certamente mais sozinhos no fim de suas vidas. A ideia de ter filhos e estes se tornarem os “cuidadores” parece estar caindo em desuso definitivamente. Ser idoso e independente não parece uma má ideia, porém os estudos mostram que a maioria precisará de ajuda para coisas simples, como andar, cuidar da higiene, da alimentação e vestir-se.

A maioria dos adultos jovens de hoje, ou seja, grande parte da chamada “geração Y”, irá conviver com alguma doença, que começará nos próximos anos, e os acompanhará até a morte, daqui a alguns outros.

Este cenário acarreta inúmeros problemas e consequências no setor de saúde, que exigem abordagens específicas e urgentes para atender às necessidades inerentes ao envelhecimento.

Uma delas é a criação de uma política nacional de cuidados paliativos para assistir a população idosa com doenças incuráveis. Isso evitaria, por exemplo, que idosos com doenças crônicas e irreversíveis fossem atendidos na rede pública de forma improvisada, ou na rede privada, a altos custos financeiros, em UTIs que poderiam ser destinadas a pacientes com alguma expectativa de recuperação.

Ainda cercada de tabus, a área de cuidados paliativos se dedica a garantir mais qualidade de vida aos pacientes com doenças graves e eventualmente irreversíveis, de preferência o mais precocemente possível, a partir do diagnóstico, o que irá garantir melhores resultados. A especialidade visa aliviar os sintomas físicos e emocionais, tanto do paciente quanto da família e garantir maior autonomia e independência para pessoas que convivem com doenças.

“Essa abordagem inclui discutir as opções de tratamento e não utilizar opções que não trarão benefícios se não houver a possibilidade de reversão da doença, o que traria ainda mais sofrimento ao paciente”, exemplifica o geriatra Douglas Crispim, CEO do ASAS Health, consultoria em saúde especializada em gestão e qualificação de profissionais em Cuidados Paliativos.

Segundo ele, a evolução dos tratamentos já permite conviver com o câncer, que deixou de ser uma doença aguda para tornar-se crônica. “A maioria de nós terá algo incurável na vida, ou mais de uma doença, então é preciso estar preparado para uma mudança de paradigma. Mais pessoas serão beneficiadas com cuidados paliativos no futuro, pois a hospitalização nem sempre reverte em benefício para o paciente”, analisa.

“Nesse sentido, é urgente também capacitar médicos e demais profissionais para essa nova realidade, e conscientizar pacientes e famílias sobre os benefícios dessa abordagem, já que o envelhecimento da população é uma tendência irreversível no Brasil”, reforça o especialista.

Essa é uma preocupação real em países mais desenvolvidos. Um estudo inglês mostrou que, até 2040, a necessidade de cuidados paliativos pela população irá crescer 25%. No entanto, se a tendência de envelhecimento ascendente observada entre 2006 e 2014 se mantiver, o aumento poderá chegar a 42%, o que significa 160 mil pessoas assistidas a mais. Doenças como demência e câncer, e outras ligadas à idade, são os principais fatores dessa necessidade.

Para Douglas Crispim, integrar cuidados paliativos aos cuidados de saúde convencionais é a melhor forma de atender esses pacientes, concentrando-se naqueles com necessidades complexas. “Os sistemas de saúde devem começar o mais rápido a se adaptar, com foco no atendimento em rede, na formação de equipes multidisciplinares e em conjunto com o uso racional dos recursos, sempre priorizando a qualidade de vida do paciente”, analisa.

Crispim relata ainda que os gestores e líderes de hoje serão os idosos a serem cuidados em 2040, por isso este estudo tem muita aplicação prática. “Ao invés de questionar como eles organizam os sistemas e serviços para os outros, eles deveriam se perguntar como gostariam de ser cuidados em sua velhice”, conclui o geriatra.

Sobre o ASAS Health

O ASAS Health é uma consultoria especializada em Gestão de Cuidados Paliativos. A empresa nasceu em 2013, a partir de um projeto de desospitalização para um município, incluindo Cuidados Paliativos e sistemas de Gerenciamento de Risco para hospitais.

Em 2014, diante dos excelentes resultados obtidos, a empresa ampliou sua atuação para a rede privada, com foco em operadoras de saúde.

A empresa criou a Rede de Cuidados Continuados (RCC), um modelo exclusivo de gestão que conseguiu gerar uma economia de milhões de reais para operadoras, reduzindo o sofrimento de pacientes e familiares.

Atualmente presente em seis estados, o ASAS Health possui um sistema próprio de treinamento, documentação e implementação, tendo expandido sua atuação para terceirização de serviços e capacitação de profissionais na área de saúde.


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