Jornalista Humberto Schvabe
Mesmo exigindo cada vez mais conhecimento do trabalhador, a sociedade do conhecimento, ao mesmo tempo em que obriga o homem a buscar conhecimento, ao invés de caminhar para uma relação social mais equilibrada, tende a distanciar ainda mais as classes sociais: ricos mais ricos e pobres ainda mais pobres.
O trabalho é nobre e por isto louvado aos quatro ventos, elevando o trabalhador à condição de gestor do progresso. Na prática não é bem assim.
O trabalho existe deste os tempos mais remotos e pode ser definido como uma ação ou esforço do homem como um ser dotado de um propósito, objetivo e envolve a transformação (simples alteração até o transformar criando um novo) de objetos e da natureza. Para esta ação utilizamos nossa capacidade mental e física.
Por sua vez, o emprego é uma “invenção” do século XIII, uma relação entre quem “organiza” e controla o trabalho com quem realiza o trabalho, ou manipula a produção. É a famosa relação patrão-empregado. Uma relação que surgiu nos teares, na Inglaterra pouco antes de 1800, mas que se consolidou mesmo, “fazendo parte da vida do homem”, no século XIX. Parece que surgiu para nunca mais terminar, mesmo com algumas afirmações de que a tecnologia vai acabar com o emprego. Nem com o emprego, nem com o trabalho.
Hoje, a realidade do emprego está sendo “reconfigurada” em função da produtividade ter saído da capacidade física do trabalhador (quanto mais esforço, mais produção) para a reestruturação da relação desta força através do conhecimento e do surgimento da automação, o volume do conhecimento e da informação. A produção em si passando para as máquinas que precisam de trabalhadores com mais conhecimento e especialização.
Dentro desta realidade que já é visível, o declínio do emprego na indústria, o emprego rural está desaparecendo ao mesmo tempo em que aumenta a prestação de serviços.
As profissões com grande conteúdo de informação e conhecimento vão aumentando, crescem as atividades administrativas, especializadas e técnicas.
Interessante é a previsão de que, no outro extremo, as profissões em serviços mais simples e não-qualificados, mesmo com crescimento lento, passam a ser significativas dentro da nova estrutura social pós-industrial em absolutos.
O resultado: uma sociedade cada vez mais polarizada, onde os dois extremos sociais aumentam, enquanto a camada intermediária diminui. Os ricos ainda mais ricos e os pobres ainda mais pobres.