Andreia vagava pela casa, ora aqui, ora ali impaciente, parecia fugir de si mesma.
Férias, família reunida, não havia motivo algum para ela não estar feliz, mesmo porque costumava preparar o almoço na companhia de suas irmãs com uma taça de vinho que é aliado a grandes alegrias, sempre ao largo de muitas gargalhadas.
Mas aquela inquietude dela fez com que as manas procurassem o motivo. Não demorou muito e o enigma foi decifrado, duas roupas novas em cima da cama.
Você que não a conhece pode estar pensando o que tem a ver as duas roupas novas com a inquietude de Andreia?
Ela tem obsessão por trocas, essa compulsão pelo consumismo as vezes a leva comprar até o que não precisa, só pelo prazer de efetuar a troca na sequência. Quando pede opinião em suas indecisões e claro que quem a conhece opina ao contrário, pois sabe que ela vai buscar o outro.
Tudo que ela compra precisa ser trocado, seja roupas, estofados, piso da casa…enfim. Havia comprado as roupas e até aquele momento não havia tido a oportunidade de efetuar a troca, enquanto isso não acontecia vazava impaciência.
O que vou relatar aqui, aconteceu na década de 80.
O dia estava triste, chuvoso, casa cheia, crianças pequenas e ela necessitava de algo para trocar, mas fazia dias que ninguém comprava nada, não tinha como trocar o que não havia comprado, naquela época era tudo mais difícil, não tinha as facilidades do cartão de crédito.
De repente aquele olhar de soslaio esboçou um sorriso, obviamente que ela avistou algo para trocar, era uma caixa abarrotada de vodca, que um cunhado deixou, pois final de semana estaria de volta.
Ela bem quietinha pegou um litro de vodca e rumou ao mercado, lá chegando disse ao encarregado que havia comprado para o marido e ele não gostou e queria trocar por outro produto.
Batia corredor naquele mercado e nada de encontrar algo que atingisse seu objetivo, pois o mercado era pequeno sem grandes novidades, apenas o essencial mesmo, depois de muito olhar, decidiu trocar a vodca por linguiça, que bizarro, mas foi realmente o que aconteceu, afinal de contas era uma troca.
Chegou de mansinho exibindo um ar de satisfação, uma euforia grande dizendo que tinha ido comprar mistura para o almoço, sem dizer que levou a vodca.
Fizeram linguiça acebolada estava uma delícia e tudo parecia normal até a chegada do seu cunhado no final de semana.
Depois de muita prosa e gargalhadas ele diz:

  • Orra… achei que as mulheres gostavam de vinho, mas pude perceber que o que gostam mesmo é de vodca, uma olhou para a outra e caíram na risada sem poder acreditar que ela teve a ousadia de trocar vodca por linguiça.
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