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Usando Deus, o hino e a bandeira

Jornalista Humberto Schvabe"Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Este slogan da campanha de Bolsonaro significa muito mais do que aparenta. Foi criado como um brado do Exército no final de 1960, pouco depois do decreto do foto Ato Institucional nº 5 (o AI -5). A defesa da fé religiosa se espalha por todo o governo ao mesmo tempo em que assume a condição de nacionalismo e de amor à pátria. Atitudes todas positivas, bem vindas e até salutares. No entanto, quando a gente passa a observar os detalhes e as ações levadas a efeito, conseguimos ver detalhes menos positivos. O demitido ministro da Educação solicitando a gravação dos vídeos de professores e alunos cantando... O Hino Nacional poderia ter a solicitação da execução pura a simples. Acompanhando raciocínio do articulista Demétrio Magnolio, de O Globo: “o populismo de direita encontrou uma refutação eficaz do multiculturalismo”. E explica que isto está acontecendo pelo simples fato de que a maioria dos formadores de opinião substituíram o discurso universalista (que fala do direito de todos para todos os cidadãos) pelo predomínio do discurso multiculturalista (direitos das minorias). Os direitos iguais para todos passou de discursos que vinham de certa maneira exagerando na defesa dos direitos de negros, mulheres, gays e outras minorias para a o extremo contrário, exagerando no colocar a sociedade como um todo se impondo relgando a defesa normal dos direitos destas minorias. Ao manipular signos como defender a pátria, a Nação, como “Brasil acima de tudo” como sendo coisa sua leva para o público uma falsa ideia de defensor do direito de todos, se arvorando com poder suficiente para impor sua vontade dissimulando o tom autoritário clássico, sem aceitar críticas com a desculpa de “estar defendendo os interesses do povo”. Assim como o nacionalismo da esquerda populista dissimula intenções, com a desculpa de levar o povo ao poder; o nacionalismo da direita populista, discursa “em defesa” de todos para impor sua vontade diante das oposições, com cara de forte e lutador, na defesa dos fracos e humildes (cada vez mais fracos e mais pobres). A religião é usada para levar uma mensagem subliminar do poder do governante, com um deus ou imperador que veio trazer justiça aos desamparados filhos de Deus com (Deus acima de todos). E assim vai minando a laicidade estatal, instigando o domínio das igrejas e seus vícios. Em termos filosóficos, esta claro que esta doutrina do “bandido bom é bandido morto” só enfraquece os pilares dos direitos humanos, hoje considerado por muitos como direitos de bandidos. Assim acabam renunciando à universalidade da humanidade. Com o objetivo de afastar os opositores criam um novo grupo social para identificar os contrários como os “indesejáveis” com o objetivo de impor sua vontade. A ideia de unidade, que leva diretamente para a igualdade entre brasileiros é ignorada. O discurso extremista defende a necessidade de autoridade onde, quem é contra o governo é contra a Nação, com a divergência política sendo chamada de traição. Por fim o articulista lembra que Bolsonaro, por exemplo, usa “Deus, a bandeira e o hino como chaves narrativas compartilhadas por Donald Trump, nos EUA, Vladimir Putin, na Rússia, Recep Erdogan, na Turquia, Viktor Orbán, na Hungria, e Matteo Salvini, na Itália”. E encerra lembrando que este comboio populista avança pelas clareiras desmatadas erguendo os estandartes da igualdade e da unidade que não estava mais sendo cuidado por ninguém.

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