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Tite, o nosso técnico

Adenor Leonardo Bachi, o Tite é quase uma unanimidade, característica que o coloca numa posição das mais invejáveis desta Nação divindade e retalhada pelos desmandos de políticos e correlatos. Ele lidera o time da seleção brasileira de futebol. A gente ouve a todo instante o nome Tite no rádio, na TV, na internet e na mídia impressa. Personalidade que inspira confiança, este técnico em suas manifestações sempre foi claro e equilibrado, razão para publicar aqui um pouco dos seus ensinamentos que podem nos servir para a vida. Assim a Gazeta do Bairro apresenta a seguir, na íntegra, e com todo respeito, uma relação de dicas do “professor Tite”: “Aproveite o auge" Tite se formou em educação física pela PUC - Campinas e iniciou a sua trajetória como treinador, em 1990, ao dirigir o pequeno time do Guarany, de Garibaldi, no interior do Rio Grande do Sul. Em 2001, encarou seu primeiro time grande, o Grêmio, e seguiu uma carreira, que alcançou seu ápice como treinador de clubes na segunda passagem pelo Corinthians, time onde conquistou o Campeonato Brasileiro de 2011 (além de outro em 2015, na terceira passagem pelo clube), a Libertadores da América e o Campeonato Mundial de Clubes de 2012. Agora, em 2018, está em seu auge profissional e aproveita bem o momento para capitalizar, com campanhas publicitárias e bom gerenciamento de sua imagem pública. Quando estiver no ápice de seu empreendimento, faça propaganda dos resultados, saliente as qualidades da empresa e aponte seus diferenciais de mercado, que geram, inclusive, mídia espontânea, quando o seu trabalho ganha destaque nos meios de comunicação sem a necessidade de divulgação prévia da sua marca, via assessoria de imprensa, por exemplo.   Engaje seus colaboradores: Alcance a zona de confiança e fuja da zona conforto Zona de conforto e de confiança correm juntas. A seleção foi muito bem nas eliminatórias, mas isso não significa que ela vá bem na Copa e, inclusive, já pagou um preço alto. Foi necessário o desastre de 2014 para que mudanças acontecessem. O que existe hoje, segundo Tite, é uma zona de confiança, ou seja, o reconhecimento do talento, a autoestima recuperada e a alegria de fazer o que faz e chegar aonde chegou. Nos negócios, a zona de confiança motiva a ir adiante, enquanto a zona de conforto faz ficar estagnado. Em um dos filmes da campanha que Tite estreia para um grande banco, ele diz que em um momento de dificuldade em um grupo, com problemas de disciplina dentro de campo, resolveu fazer seus treinos de maneira diferente: “Depois de ter dois jogadores expulsos com o placar desfavorável, resolvi aplicar a técnica de treino sem caneleira”. O objetivo era ter jogadores duros, mas leais. “[Queria ver os jogadores] Sendo mais criativos e mais agressivos, mas para tomar a bola, não para agredir o adversário. Isso é falta de competência”. “Não sabia o que ia gerar, mas gerou lealdade no grupo”, completa. Além de reforçar o engajamento entre colaboradores, é importante também salientar questões éticas e de limites do negócio. Funcionários que dão “caneladas” nos concorrentes não agem de maneira sustentável para o empreendimento.   Nunca deixe de estudar sobre o seu negócio Em 2014, Tite resolveu se manter longe dos campos de futebol, mas mais próximo do que nunca do esporte. Foi um ano de estudos, leituras e viagens para conhecer outros técnicos, clubes e suas histórias. Além disso, viu e analisou todos os 64 jogos da Copa do Mundo realizada no Brasil. No ano seguinte, voltou ao comando do Corinthians, onde levou mais um Campeonato Brasileiro. De lá, saiu direto para a seleção. Com isso, Tite mostra que a vivência prática é importante, mas dar um tempo para se reciclar também é.   Mantenha um bom relacionamento com empresas anteriores Depois de passar pelo Corinthians três vezes, Tite chamou para a seleção diversos jogadores do antigo clube, ou que trabalharam com ele, como Paulinho (que hoje está no Barcelona) e Renato Augusto (atual Beijing Guoan). Mesmo que você tenha o seu próprio negócio, é interessante poder contar com talentos de empresas por onde você passou anteriormente, pois isso alia bom relacionamento e confiança.   Não brigue com quem pode divulgar o seu trabalho Os últimos técnicos da seleção, especialmente Dunga e Felipão, têm um histórico complicado com a imprensa, o que inclui até discussões tensas com repórteres em eventos oficiais. Tite, não. Ele procura responder a todas as solicitações e diz abertamente quando não gosta de alguma colocação sem criar um clima ruim. Quando existem críticas construtivas, ele as absorve. Mesmo com uma ou outra provocação gratuita que possa vir da mídia, não é interessante para a sua imagem ou a de seu negócio bater de frente com a imprensa. Especialmente, porque também pode prejudicar o surgimento de mídia espontânea.   Mantenha o foco Um episódio virou meme entre os torcedores do Corinthians. Em um nervoso (e decisivo) clássico entre o clube e o seu maior rival, Palmeiras, em 2010, Tite se irritou com Felipão, seu amigo de longa data, mas já com relações estremecidas por conta de falas anteriores do técnico adversário. No meio do jogo, ao ver que Felipão não parava de reclamar, Tite protagonizou o famoso vídeo “Fala muito”, em que repete esse termo três veze. O foco estava no jogo e na decisão que acontecia ali, e Tite fez questão de dizer que o colega estava mais preocupado em produzir ruídos de comunicação.   Reconheça a competência do concorrente Poucas coisas são piores para os negócios do que a soberba, a sensação de estar acima de tudo e de todos. Tite, no seu ramo, demonstra acreditar nisso e disse em uma das campanhas publicitárias em que aparece atualmente: “A soberba e a ostentação tiram o combustível para evoluir. No adversário também existe competência, mas você está no seu momento... o que a cabeça mandar, faça. Se errar, persista”.   Delegue e divida bem as responsabilidades entre seus colaboradores Tite elege vários jogadores nos times que treina e reveza a braceleira de capitão entre eles. Isso porque há diversos tipos de líderes: o tático, o carismático, o midiático etc. “Você é aquilo que faz”, diz o técnico, para reforçar que cada colaborador tem suas competências e cabe ao gestor identificá-las.   Aprenda com os vitoriosos, mesmo que essa vitória seja relativa A seleção brasileira de 1982 não foi campeã do mundo, mas marcou profundamente as memórias de Tite. “Tenho até hoje como modelo e, para mim, ela venceu, foi a minha campeã. Falcão, Sócrates, Zico, Cerezo, Junior, Leandro... que seleção! Um protótipo da excelência”, relembra Tite, na propaganda de um banco. Nos negócios, costuma-se dar muito valor aos números, aos faturamentos, mas muitos cases não aparecem entre os maiores e são igualmente bons para serem usados como referência.

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