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A arte de desaprender

Muita coisa aprendi no decurso de minha vida, mas só no fim da vida aprendi a arte dificílima de desaprender os erros sem conta que os sentidos percebem na sua erudita ignorância... Aprende ele que os fatos externos são a própria realidade. Aprender que este mundo que os sentidos percebem e o intelecto concebe são a realíssima e única realidade... E por largos anos andei escravizado por essa ilusão. Pois, que admira? Se por tantos séculos e milênios dormira a humanidade nas trevas, como poderia eu, em poucos decênios despertar para a luz? Até que, finalmente, descobri a realidade para além das facticidades, a acima do eterno ser no corpo desse efêmero parecer. Hoje sei que os fatos são meros reflexos no espelho bidimensional de tempo e espaço, reflexos da realidade, que está em sentido oposto a esses fatos refletidos no espelho de tempo e espaço. Mas só Deus sabe quanto esforço, quanto sofrimentos e quanta agonia me custou essa nova atitude, essa meia-volta que tive que dar ante o espelho do mundo das velhas ilusões, para enxergar o novo mundo de verdade! Esse movimento de 180 graus, que dei em face do refletor, essa conversão dos conhecidos finitos para o desconhecido infinito, me custou o holocausto do meu ego, esse sangrento egocídio que a verdade me exigiu... Mas agora, de costas para os fatos e de rosto para a realidade, me sinto grandemente liberto e jubilosamente feliz e, em vez de amar o mundo sem Deus, amo o mundo em Deus porque vejo em cada fato efêmero o reflexo da realidade eterna.

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