O sufoco

cabeca articulista neide-gazeta-do-bairro

Nossas vidas são pontilhadas por algumas barreiras estranhas onde precisamos encontrar forças e sabedoria para sair destas “enrascadas”.
Estávamos de férias, era mês de janeiro e fazia um sol brutal; ou melhor, um sol magnífico.
Estaleirinho era o nosso recanto. Haviam muitos apartamentos nos prédios de 4 andares, sem elevador. O nosso ficava no terceiro andar.
No pátio, um jardim muito bonito com flores, árvores e bancos, lugar propício para desfrutar da companhia da pessoa amada. Escolhemos um banco ao lado de uma linda roseira florida.
Repito de férias, em refúgio na busca de tranquilidade, felicidade, descanso, família reunida… Era só alegria.
Enquanto as manas brincavam na piscina sentamos no banco do jardim, onde belos e formosos curtíamos sombra e o aroma das flores, quando, uma dor de barriga atinge alguém de surpresa.
Esta pessoa, com suas pernas compridas, corre desesperada e quanto mais corria, mais caminhos pareciam ter para percorrer.
Por fim viu que não podia se colocar acima de suas limitações, a situação já havia se estabilizado.
Mas, vamos poupar os detalhes, pois falar de si próprio é indelicado e o foco desta crônica é o que relato a seguir.
Alarmado com a demora dela, ele saiu da praça, tenso e foi em busca de notícias da amada.
Nossas vidas, por vezes são marcadas com surpresas desagradáveis. Na pressa ele entrou no apartamento, encostou a porta da sala, a mesma travou, surpreso viu-se preso em um apartamento que não era o nosso.
No terceiro andar e sem a chave para abrir, deu-se conta de que a única janela que dava para o corredor, estava trancada.
Com olhar perdido no vazio daquele apartamento, com malas rosas espalhadas pelo chão, com toda calma que só ele mesmo consegue, aí ficou dividido entre o espanto, o medo e em encontrar uma solução para o problema.
Resoluto: foi até a gaveta da pia pegou uma faca e ainda mais decidido abriu a janela e, assim, livre como um pássaro simplesmente saiu.
Diante dos encontros e desencontros, ela volta ao jardim e se depara com ele, branco e até meio trêmulo, com aquele olhar de “soslaio”, onde diante daquele cenário envolvente ela esboça um largo sorriso.
Nossas coragens às vezes parecem querer desafiar o mundo, se ele entrasse em pânico talvez não tivesse achado uma saída.
Ainda bem, pois só assim concluiu com brilhantismo sua missão, enfrentando os obstáculos e juntando força, muita calma e determinação.
E eu consegui mais uma boa história.

Neide Seco

Compartilhe este artigo

WhatsApp

Sair da versão mobile