Os cães das ruas

Tenho uma filha que, de tanto ver as atrocidades sofridas pelos animais abandonados quer nos perímetros urbanos, quer nas nossas rodovias sendo atropelados e mortos sem nenhuma piedade, pediu-me que desta vez, minha crônica fosse direcionada para o abandono sistemático dos cães das ruas, abandonados por proprietários desalmados e irresponsáveis sem que os poderes públicos tomem quaisquer providências para pelo menos, amenizar os abusos contra estes indefesos. Consultando a Sociedade Protetora dos Animais de Curitiba, tomei conhecimento de que o número de cães vivendo pelas ruas da capital é de aproximadamente vinte mil. Até o ano de 2005 os animais aprisionados eram levados pelos funcionários da Prefeitura e sacrificados em seguida. Felizmente uma Lei Municipal, aboliu tal prática e hoje, fala-se em castração da população canina, o que não resolve o problema em definitivo. Talvez uma campanha de conscientização da sociedade pudesse amenizar os abandonos programados de milhares de irresponsáveis pelas guardas destes fiéis companheiros. Em um escritório contábil no qual trabalhei como calculista, estava escrito: pelas veredas da vida que palmilhei, encontrei cachorros que foram amigos e; amigos que foram cachorros. E isto se encaixa bem quando me refiro aos péssimos proprietários, que deveriam ou melhor dizendo devem sofrer penalidades severas para que possam refletir melhor antes de cometerem tais crimes contra os indefesos que têm sentimentos tanto quanto seus carrascos. Na Câmara Municipal vê-se de tudo, exceto algum parlamentar que demonstre interesse pela causa em questão. Mais o que nós podemos observar às vésperas das eleições, são as sanguessugas do povo implorando votos aqui, ali e acolá! Tem uma vereadora (antipática por sinal) que ensaiou uns passos em defesa dos coitadinhos largados, mais só ficou no papel e sua voz, não mais foi ouvida e ela continua mendigando votos porque, a mamata é muito boa, mesmo faceando os escândalos à cada dia. Defender os cães das ruas não dá prestígio político e nem multiplica os bens conseguidos com bases nas desonestidades. Animais vagando pelos lugares públicos sempre existiram. Mais atualmente os terminais de ônibus acolhem muitos deles com a conivência dos órgãos administrativos que vendam os olhos para a questão! O meu brado poderia encontrar uma antena transmissora que operasse nas freqüências das ondas médias curtas e moduladas, para que pudessem ser ouvidas em todas as Casas de Leis. E como foi comemorado o Dia do Cotonete (dia 25), este deveria ser especialmente para limpar os ouvidos dos governantes, passando pelo Senado e chegando ao gabinete da Presidenta Dilma Rousseff para ela também, escutar em alto e bom som, os protestos lançados pelos meios de comunicação. Foi bonito de ver a senhora bater o martelo encerrando a Rio+20. A senhora precisa também bater o martelo e a marreta na cabeça dos corruptos, que aí estão manchando seu nome, como cães famintos. Um poeta já cantava: “É meia noite, na deserta rua / Tremem de medo os lampiões sombrios / Densa garoa faz fumar a lua / Ladram de tédio, vinte cães vadios”.

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