O perigo mora comigo – Vanelo

É sempre assim: quando me dou conta chegou o dia de enviar a matéria e nada tenho escrito para preencher a coluna no Jornal. As idéias passeiam em minha mente e deixo-as passar a galopes ou como queiram. De repente, olhando-as com mais interesse jogo um laço imaginário e certeiro, trazendo para perto de mim aquela que trás estampada na cínica face e onde leio: o perigo mora comigo. Nunca se sabe ao certo porque as chantagens e as pessoas em relação aos abusos cometidos com vítimas inocentes e ingênuas, impúberes por tanto, estão associadas aos elementos mais próximos das suas presas e, por conseguinte, são isentas de quaisquer suspeitas. Os primos em especial são uns constantes perigos para as meninas, bem como os tios, que por um engano estúpido dos pais não observam como deviam os comportamentos estranhos. E assim eles usam e abusam das intimidades em família dentro do próprio lar aparentemente tranquilo. O tempo passa escondendo alguns crimes praticados e as suspeitas ficam enraizadas nas mentes das crianças. Elas começam a desenvolver o corpo e a mente e dão-se conta dos males recebidos enquanto brincavam. Quer esquecer e apagar de uma vez o terrível pesadelo e não conseguem despertar para a realidade. Um turbilhão de pensamentos negativos invade suas memórias já em plena adolescência, e as meninas de ontem, já não aceitam mais as investidas covardes e tentam reagir. Bate-lhes um sentimento de culpa que na verdade lhes impedem de se firmar na vida. Encurraladas e sem saída começam as decadências mentais e espirituais. A solidão aparece em cada canto; a tristeza e o desgosto vão tomando conta de si, e os primeiros sintomas da cruel depressão começam a surgir. A vítima não reage porque lhe falta a força e a coragem para renunciar a tudo que lhe causou tanta desgraça. E se algum amigo estende sua mão, ela rejeita porque o vê como um crápula e covarde ao mesmo tempo, e a confiança para divulgar os fatos é para ela a tarefa muito difícil e até vergonhosa. Especialistas nas áreas de Psicologia e Psiquiatria poderiam ajudá-la, mas faltam-lhes os recursos necessários e então, o tempo vai passando sem que nada aconteça. Têm-se conhecimentos de primos salafrários, e de tios canalhas por excelência, e até mesmo casos raros de pais desumanos. E acontecimentos destas espécies estão nos jornais diariamente e, dificilmente a sociedade não interfere, a não ser, que fosse permitida nas casas suspeitas, placas de advertência como: o perigo mora aqui! E aí então, os criminosos anônimos seriam identificados e punidos na forma da Lei.
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