Nos curvando diante da democracia

Ao falar do último pleito, a primeira e indispensável observação é a perniciosa manipulação dos marqueteiros. O pode tudo. O vale tudo. Verdades não se distinguem das mentiras. Basta maquiar bem através de superproduções que tudo vira verdade, belo e palatável. A velha “vergonha da cara” cada vez mais distante… Dissimulações viram regra e são apresentadas como atitudes naturais, degradando nossa jovem democracia.
Como acreditar? Em quem? No que?
Tudo pela vitória! Tudo, sem escrúpulos ou vergonhas. Antes cair na mentira que perder.
Alternância, o grande antídoto contra corrupção do poder perpétuo; só para os adversários. Ao mesmo tempo, muitas ações nos remetem ao “coronelismo” dos nascidos para mandar. Ignoram o jogo democrático, onde tudo começa e tudo termina no ganhar e no perder.
Em termos efetivos, tivemos a vitória da defesa de uma política social, de inegáveis avanços, mesmo enfrentando duros golpes da emergente corrupção e diante de uma Dilma caricata, fisicamente irreconhecível, embalada em grifes multicores estranhas e de mau gosto. Do outro lado, a figura do Aécio, também superproduzido, mas, um produto palatável, com empatia e preparo para o convívio político.
Ainda resta a esperança do “vamos ver” como se comporta o judiciário sem Joaquim Barbosa, a fim de chamar à responsabilidade política, não apenas os corruptos, mas também os que nomearam e mantiveram em cargos do alto escalão os apadrinhados por partidos que por vezes muito se assemelham às famílias mafiosas.
Resta a certeza de que a democracia segue seu caminho, tortuoso, mas em frente. Com inegáveis riscos, mas vai.
Resta agora, torcermos pelo melhor e, em especial, nos mantermos atentos diante do ressentimento e rancor que atingiu um bom tanto da nossa gente. Vamos fugir disto, aceitar o resultado como parte do jogo democrático e continuar a pregação por um Brasil melhor e mais justo para todos.
Se esta democracia tem falhas, a solução está na busca de melhorá-la e não em defender algum tipo de golpe ou solução milagrosa. Ruim com ela, pior sem ela. Melhor nos curvarmos preservando a luta para aprimorar este sistema que mesmo diante de suas diversas falhas, nos permitido falar e defender ideais distintos sem riscos.

 

 

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