A sinceridade e seus riscos – Jornalista Humberto Schvabe

 

Hipócrita e viciada, a sociedade (sempre de maneira geral) não tolera a expressão da indignação do indivíduo e em especial a franqueza. Aliás, se prestarmos atenção vamos identificar que poucas vezes esta palavra é pronunciada sozinha. Em geral ela chega assim: desculpe a franqueza.
Sem necessidade desta desculpa, vou em frente.
Dizer uma coisa buscando resposta para outra que não ousa ou não quer expressar
Para mim a franqueza não consiste em dizer tudo o que se pensa, mas em, pensando, decidir o que e como expressar-se e ter a coragem de falar a verdade em tudo o que diz.
Em Brás Cubas, Machado de Assis fala sobre a franqueza com que apresenta sua mediocridade. Foi franco ao considerar medíocre alguma de suas expressões, mesmo sendo o fantástico escritor que foi.
Como todo extremo é negativo, inconveniente e até mesmo perigoso; manter um equilíbrio entre ser sincero e franco, sem fingir ou dissimular o pensamento deve ser um bom caminho para se trilhar. Também fugir daqueles que vivem armados de intransigências e velhas certezas é uma necessidade premente.
Confesso que tenho a sinceridade, mais que a franqueza, como parte de meus mais arraigados valores, assim como a ação positiva, construtiva e a capacidade de mudança. Entendendo os risco, mantenho a convicção de que esta deve ser expressada com clareza na busca do bem e na defesa de valores que levem em conta os direitos e os deveres de todos que nos cercam. Mas, no meu caso, sem jamais perder a capacidade de me indignar, de reagir aos desmandos, desvios, dissimulações e mentiras em geral.

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