13º Batalhão da PM comemora aniversário

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Num texto profundo e lúcido que mostra como é a vida do policial militar (feito em meio ou em substituição à tradicional Ordem do Dia) o tenente-coronel Carlos Eduardo Rodrigues Assunção, comandante do Batalhão mostrou sua sensibilidade e sua visão do trabalho de seus comandados. O evento, além de comemorar, também homenageou policiais militares com 30, 20 e 10 anos de serviço com as medalhas de ouro, prata e bronze, respectivamente.
O Comandante-Geral da Polícia Militar, coronel Maurício Tortato lembrou os feitos inéditos e pioneiros do 13º Batalhão da PM e sua importância para a história da Polícia Militar no contexto paranaense. “É uma unidade que se traduz como o embrião da Radiopatrulha no estado do Paraná e que vem avançando sobre os conceitos de preservação da ordem pública; hoje é exemplo de integração comunitária”. Ainda de acordo com o Comandante-Geral, solenidades como esta só fazem crescer o conceito da Polícia Militar perante a comunidade da região Sul da capital. “Por esta razão acreditamos que o caminho está traçado, devemos superar as dificuldades e o 13º BPM tem sido um exemplo neste contexto, por isso temos que reconhecer o trabalho de cada um dos militares estaduais que contribuíram para essa linda história”.
Entre os homenageados pela medalha “Herois da radiopatrulha” está o Juiz Augusto Gluszczak Junior, idealizador do projeto Justiça e Sobriedade no trânsito, o qual tomou repercussão e reconhecimento nacional. Entre os militares estaduais homenageados com medalhas de 30, 20 e 10 anos de serviço de ouro, prata e bronze, respectivamente, está o sargento Roberto Caetano.
Ainda durante o evento foi entregue o troféu transitório à equipe campeã dos Jogos Olímpicos da unidade, integrantes da 2ª Companhia do Tatuquara.
Participaram do evento diversas autoridades e muita gente da comunidade.

Discurso fala da vida do policial militar
Após iniciar a Ordem do dia o Cel Assunção destacou que passaria a fazer “reflexões sobre a profissão, ou melhor, o sacerdócio policial militar”.
E foi assim que ele chamou a atenção dos presentes pela sua potente voz e muito mais pela profundidade de suas palavras que destacamos a seguir:
“Nessa profissão, às vezes, temos que atuar como médicos, outras vezes como psicólogos, mas nosso consultório fica na rua e não há materiais para o trabalho. Às vezes temos que agir como professores, sacerdotes, pais ou mães, mas nunca seremos amados como tal. Em alguns momentos seremos juízes, porém, teremos que decidir sob stress e em poucos minutos sendo que poderemos ser condenados por nossas decisões após elas serem minuciosamente analisadas por diversos profissionais de outros ramos, durante anos, com auxílio de sofisticados laboratórios e em confortáveis gabinetes. Teremos que ser motoristas, mecânicos, peritos, juristas, assistentes sociais, lutadores enfim, teremos que ser um pouco de tudo.
Para ser policial militar, além de um bom preparo intelectual, precisamos ter uma condição de saúde acima da média da população, pois ela será destruída durante o exercício da profissão já que teremos que enfrentar uma carga horária incontrolável, ficaremos acordados a noite, passaremos frio, calor e tomaremos chuva sempre com o mesmo uniforme, o qual deve ser mantido impecável. Em regra nos alimentaremos com lanches em horários variados e no menor tempo possível. Teremos contato com pessoas com diversos tipos de doenças contagiosas, entraremos em locais insalubres, levaremos tiros, facadas, pedradas, pauladas e sofreremos muitas outras formas de agressão.
Nesta profissão, necessitamos ter, também, um excelente preparo psicológico, porque assistiremos ao vivo as tragédias da raça humana. Teremos que estar preparados para administrar a frustração de não ter meios para se proteger e nem para atender a comunidade. Precisaremos conviver com o preconceito, o ódio, o escárnio, a intolerância e outros defeitos dos quais, inclusive, também seremos vítimas. Teremos que vencer o medo e encontrar força para suportar ver a vida se esvaindo nas pessoas que não pudermos salvar, teremos que resistir à perda de um companheiro de farda e aceitar a ideia de que, também nós, poderemos sair e não voltar para abraçar a esposa ou o filho, que, a despeito de amá-los muito, quase não teremos tempo para eles.
Além disso, nosso trabalho é dificultado pela legislação e pelo não funcionamento de outros órgãos. Não nos é dado nenhum respaldo legal, e mesmo não sendo bem remunerados, temos que nos responsabilizar pelos danos que causamos no exercício da profissão e temos que custear nossa própria defesa para provar que era inevitável a violação de alguns direitos para que a missão fosse cumprida.
Viveremos sempre em condições financeiras humildes e, se conseguirmos chegar ao final da carreira, talvez estejamos com a saúde debilitada e, muitas vezes, sozinhos.
E porque gostamos tanto dessa profissão? Simplesmente porque amamos o próximo. Somente quem realmente ama seu semelhante é capaz de fazer o bem mesmo diante de tantas dificuldades.”
Ao final lembrou do trabalho que velou à queda de cerca de 70% do total índice de homicídios de Curitiba, de uma criança ressuscitada pelo Dr. PM, de uma família carente que morava numa Kombi recebendo auxílio até com emprego e casa; Policiais arriscando a vida para salvar pessoas numa casa em chamas e, depois reconstruir e mobiliar aquela casa; crianças influenciadas pelos projetos sociais; policiais usando seu dinheiro para que o serviço não parasse.
Encerrou agradecendo mais uma vez a Deus por mais de dois anos sem perder um companheiro de trabalho, lembrando que “no 13º BPM eu vivi, e ainda vivo, a mais gratificante experiência da minha carreira”.

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